Frequentemente a maioria das pessoas passa boa parte do dia no ambiente de trabalho. Agora, no contexto da pandemia, quando muitos trabalhadores estão em home office, essas horas podem ser ainda mais extensas, e divididas com as tarefas e afazeres pessoais. Ou seja, se antes já tínhamos altos níveis de estresse laboral e doenças ocupacionais, a pandemia e as readaptações do ambiente de trabalho agravaram ainda mais esses diagnósticos. Nesse sentido, é importante que empresas adotem programas multidisciplinares de Fisioterapia do Trabalho, para garantir saúde e qualidade de vida aos colaboradores no ambiente laboral.
Sendo assim, o que faz um fisioterapeuta do trabalho? De forma geral esses profissionais tem como objetivo o bem-estar, qualidade de vida e a melhoria da saúde dos trabalhadores – independente da hierarquia – ou seja, colaboradores da produção de uma empresa até gestores podem ser beneficiados pela atuação de um fisioterapeuta do trabalho.
O que você verá neste artigo:
Atividades do fisioterapeuta do trabalho
A Fisioterapia do Trabalho utiliza-se de várias técnicas com objetivo de estabelecer bem-estar, qualidade de vida no ambiente laboral e consequentemente uma melhora na produtividade dos colaboradores. Por exemplo, podemos citar algumas das atribuições desses profissionais, nas empresas:
- Estudo da relação dos trabalhadores com os equipamentos e ambiente laboral, o que chamamos de Ergonomia;
- Avaliação, prevenção e controle da saúde de funcionários por meio de exames periódicos;
- Atividades físicas no ambiente de trabalho, o que chamamos de Ginástica Laboral;
- Exames admissionais e demissionais;
- Promoção de palestras, treinamentos preventivos e capacitações para os colaboradores.
Surgimento da Fisioterapia do Trabalho
A industrialização, em 1879, trouxe as ocorrências dos acidentes de trabalho e consequentemente a necessidade de reabilitação desses trabalhadores. Em seguida, surgiram os profissionais que atuavam na prática, do que mais tarde viria a ser reconhecida como a fisioterapia.
Então, antes do reconhecimento da fisioterapia, em 13 de outubro de 1969, o Centro de Reabilitação Profissional do Rio de Janeiro, no ano de 1968 já era reconhecido como um modelo internacional na reabilitação de saúde do trabalhador pelo mundo.
Finalmente, em 1998 e 2002 acontecem dois marcos importantes para a Fisioterapia do Trabalho: criação da Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho – ANAFIT e surgimento da Sociedade Brasileira de Fisioterapia do Trabalho – SOBRAFIT. Posteriormente, em 2003 a área de Fisioterapia do Trabalho, foi regulamentada. Depois que, a Norma Regulamentadora (NR4) passou a ser obrigatória, em 2007, as empresas tem que incluir no quadro de funcionários da empresa, os profissionais de fisioterapia do trabalho.
Aumento das doenças relacionadas ao trabalho
Conforme dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, em 2019, cerca de 39 mil trabalhadores foram afastados em decorrência de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). De maneira idêntica, o Ministério da Saúde confirmou os dados, o que ratifica a necessidade dos profissionais de Fisioterapia do Trabalho na prevenção, diagnóstico e tratamento dessas doenças.
A princípio, as causas dessas lesões e distúrbios, estão ligados a fatores psicossociais. Por exemplo, podemos citar a ansiedade, estresse ocupacional, pressão no trabalho, busca excessiva por perfeccionismo e depressão, como algumas das causas mais relacionadas. Sendo assim, citamos os principais sintomas físicos dessas lesões e distúrbios:
- Dor localizada;
- Desconforto físico no final do dia;
- Cansaço excessivo;
- Formigamento nas extremidades;
- Paralisia e parestesia;
- Perda funcional;
- Inchaço local.
Como atuar na Fisioterapia do Trabalho?
Em primeiro lugar é preciso ter concluído a graduação em Fisioterapia, em uma instituição reconhecida pelo MEC, e também é necessário ter registro profissional no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – CREFITO, da sua região.
Além disso, é preciso qualificar-se por meio de uma pós-graduação em Fisioterapia do Trabalho, na modalidade lato sensu, que em geral tem duração de um ano e meio, nos formatos presenciais ou à distância. Definitivamente a certificação é essencial, pois além de dar credibilidade e reconhecimento ao profissional, é um diferencial na hora da contratação pelas empresas.
Quais os conhecimentos necessários para o fisioterapeuta do trabalho?
Acima de tudo, os cursos de especialização vão oferecer conhecimentos específicos, para que os fisioterapeutas adquiram novos saberes e práticas.
Sendo assim, essas habilidades vão orientar a atuação em ambientes laborais, para promover saúde aos colaboradores, melhorar os fatores ergonômicos e consequentemente proporcionar mais qualidade de vida.
Ou seja, as disciplinas citadas abaixo, são estudadas para suprir essas necessidades na atuação do fisioterapeuta do trabalho. Sendo assim, elencamos alguns conhecimentos que são ministrados em cursos de pós-graduação:
- Biomecânica Ocupacional;
- Ergonomia – incluindo legislação e normas;
- Ética Profissional;
- Bioestatística;
- Fisiologia do Trabalho;
- Doenças Ocupacionais;
- Ginástica Laboral;
- Gestão em Saúde;
- Saúde do Trabalhador;
- Direito da Fisioterapia do Trabalho;
- Segurança do Trabalho;
- Perícia Judicial;
- Acessibilidade e Inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais.
Mercado de trabalho para fisioterapeutas do trabalho
A área de fisioterapia laboral está em expansão, apesar de ser uma especialidade relativamente nova. Esse crescimento se deve especialmente, pela implementação de normas regulamentadoras, em especial a NR4, que trata sobre os serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho, onde é obrigatório a contratação de profissionais de fisioterapia do trabalho nas empresas públicas e privadas.
A nova realidade de home office (que trouxe várias consequências para a saúde física e mental dos trabalhadores) imposta pela pandemia, também é um fator a ser considerado no mercado de trabalho para esses profissionais de fisioterapia laboral.
Qual o salário para fisioterapeutas do trabalho?
Primeiramente é importante ressaltar que o salário vai depender do que faz o fisioterapeuta do trabalho, no sentido das atividades, do local de trabalho e carga horária. Dados do novo CAGED mostram que a média salarial para esses profissionais é de R$ 2.954,40. O piso salarial, fixado por meio de acordos e convenções coletivas dos sindicatos, é de R$ 2.696,45. Já o teto salarial da categoria é de R$ 4.963,61.
Todos os valores são para uma jornada de trabalho de 34 horas semanais. As cidades com médias salariais mais altas para fisioterapeutas do trabalho são:
- Curitiba(PR) – R$ 3.897,35
- São Carlos (SP) – R$ 2.825,00
- Serra (ES) – R$ 3.543,87
- Belo Horizonte (MG) – R$ 2.505,31
Ainda segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o perfil dos profissionais de Fisioterapia do Trabalho é de uma faixa etária de 34 anos, do sexo feminino, que trabalha 30 horas semanais em empresas que contratam profissionais de forma temporária. A cidade de São Paulo é o local onde são realizadas mais contratações e tem mais vagas de empregos na área.