Possivelmente o mundo não será mais o mesmo após a crise sanitária escancarada com a pandemia do novo coronavírus. Assim, dentre os tantos desafios apresentados desde a descoberta dos primeiros casos, a forma como se vive em sociedade é um entre os que serão repensados.
Portanto, repensar o modelo de urbanização, especialmente nos grandes centros urbanos, tornou-se uma questão muito importante. Por isso, se você pensa em cursar a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, este é um ótimo artigo para se antenar das novas demandas desse mercado.
O que você verá neste artigo:
Epidemias e a urbanização
Epidemias demonstram a forte intersecção entre urbanização e doenças infecciosas, uma vez que grandes contingentes populacionais vivem em cidades desde a crescente industrialização. No entanto, muitas vezes, vive-se em um contexto insalubre, com ausência de água potável, saneamento básico e higiene das habitações. Além disso, a essas dificuldades, somam-se esgotos abertos e comida insuficiente.
A Organização Social da Saúde (OMS) sempre foi clara ao orientar a população sobre lavar as mãos e manter distanciamento social para evitar a transmissão. Mas, será que isso é possível, por exemplo, em grandes comunidades com banheiros coletivos, falta de água e superlotação? E no transporte público e nas escolas? Será que os modelos atuais das grandes cidades estão prontos para contribuir para a qualidade de vida da população?
Nesse sentido, se você pensa em cursar a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é preciso saber que essa é uma demanda urgente na atualidade. E uma necessidade que certamente será estudada por muitos anos. É o futuro.
Portanto, reunimos neste artigo algumas ações que mostram o papel do arquiteto e urbanista na produção de espaços, sempre pensando na saúde pública e na qualidade de vida de nossas habitações e cidades.
Meio ambiente
Primeiramente, não podemos pensar em qualidade de vida e futuro sem pensar em meio ambiente. Por isso, é preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico, os impactos do homem na natureza e a preservação dos recursos naturais.
Pensando nessa necessidade, o Código de Ética e Disciplina do Conselho de Arquitetura e Urbanismo especificou, entre os princípios a serem seguidos pelos profissionais, o seguinte:
“o arquiteto e urbanista deve defender o interesse público e respeitar o teor das leis que regem o exercício profissional, considerando as consequências de suas atividades segundo os princípios de sustentabilidade socioambiental e contribuindo para a boa qualidade das cidades, das edificações e sua inserção harmoniosa na circunvizinhança, e do ordenamento territorial, em respeito às paisagens naturais, rurais e urbanas”.
Desse modo, na prática, isso significa que o arquiteto e urbanista deve considerar o impacto social e ambiental de suas atividades profissionais na execução de obras sob sua responsabilidade.
Portanto, o estudante que deseja cursar a faculdade de Arquitetura e Urbanismo deve saber que essa é uma demanda crescente que dispõe de várias frentes de atuação. Alguns exemplos são:
- Plano de Monitoramento Ambiental;
- Elaboração de Sistema de Informações Geográficas (SIG);
- Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA);
- Certificação ambiental;
- Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
- Plano de Controle Ambiental (PCA), entre outros.
Urbanização das favelas
Segundo dados apresentados pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), mais de 26 milhões de brasileiros vivem em casas inadequadas. Para eles, ficar em casa não garante imunidade na pandemia. As questões são muitas, como ventilação inadequada, ausência de água potável e umidade excessiva.
Mais de 12 milhões enfrentam o problema de coabitação, ou seja, dividem a cama e /ou a casa com muitas pessoas ao mesmo tempo. Além disso, quase 6 milhões não possuem banheiro de uso exclusivo.
Definitivamente, esse não é o melhor cenário para enfrentar uma crise sanitária. Dessa forma, o papel da Arquitetura e Urbanismo é essencial para auxiliar na urbanização de favelas, promovendo acesso da população mais carente às áreas com infraestrutura consolidada e investimentos em saneamento básico.
Lei de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social – ATHIS
A ATHIS, prevista na Lei 11.888/2008, ainda é pouco implementada. A lei garante às famílias com renda de três salários-mínimos o direito de assistência técnica e gratuita para projetos, reformas e construção de habitações. Assim, a assistência técnica é prestada por um arquiteto e urbanista remunerado por programas públicos específicos para essa finalidade.
Além de assegurar moradia adequada e segura à população de baixa renda, movimenta a economia e o comércio local, gerando emprego e renda na área da construção civil. Outro ponto positivo da iniciativa é que a ATHIS melhora a qualidade de vida e diminui os gastos com saúde pública associados às condições de salubridade da habitação.
Cidades planejadas
Pesquisas apontam que, até 2050, cerca de 80% da população mundial habitará zonas urbanas. O aumento expressivo da população é outro fator que causará bastante impacto na forma como vivemos. Nesse cenário, o papel do arquiteto e urbanista é também contribuir para o planejamento urbano responsável através das cidades planejadas.
Uma cidade planejada, como o próprio nome já diz, tem planejamento prévio para sua construção. Assim, não cresce de forma desordenada e surge em locais escolhidos, desenvolvendo-se de acordo com um projeto detalhado por arquitetos e engenheiros. Também possuem, desde o início, um plano diretor, que é o documento que apresenta todas as especificações da cidade.
Em geral, seus habitantes apresentam uma saúde física e psicológica melhor por conta das condições de vida em sociedade, como menores taxas de desemprego, ambientes amplos e ruas bem dimensionadas.
Além desses fatores, quando se fala em saúde pública é interessante ressaltar que, nessas cidades, saneamento e transporte são bem esquematizados e ajudam a reduzir questões sanitárias graves.
Cidades policêntricas e bairros autossuficientes
Uma cidade policêntrica é aquela com múltiplas centralidades, em que o uso misto e a densidade habitacional são estimulados em todo o território. Repensar o desenvolvimento e a organização urbana é essencial para superar problemas recorrentes em muitas cidades, como a mobilidade urbana.
Portanto, é um modelo que pode desacelerar a disseminação de doenças. Isso porque, assim, se pensa na organização espacial e econômica de uma cidade ou bairro de modo que os indivíduos não precisem se deslocar em massa para ir ao trabalho, mercado ou escola, por exemplo.
O projeto contribui para a melhoria da mobilidade urbana, evitando congestionamentos e aglomerações. Também desafoga o transporte coletivo e contribui para práticas saudáveis e mais sustentáveis, como o deslocamento a pé ou por meio de bicicletas.
Dessa forma, além de reduzir a circulação do vírus, o comércio local é fortalecido e as relações interpessoais entre a vizinhança ganham mais profundidade, o que é benéfico para todos.
História
Arquitetura e Urbanismo sempre tiveram um papel importante na saúde pública. Em alguns períodos da história mundial, cidades tiveram que se remodelar para melhorar a saúde da população.
Esse é o exemplo de Paris, na França, que por volta de 1850 teve um foco de cólera com transmissão ocorrida principalmente pela água. A questão foi solucionada através da criação de rede de abastecimento e esgoto, além da criação de alamedas e alterações em parques.
Esses foram alguns exemplos de como a Arquitetura e o Urbanismo podem interferir na vida em sociedade e nas condições de saúde pública. Se você se interessou pelo tema, leia mais sobre a faculdade de Arquitetura e Urbanismo aqui no Hora da Facul.