As desistências no Enem 2021 chocam pela quantidade. Sobretudo quando o número de inscrições foi o mais baixo desde 2005. Portanto, confira as causas por trás desse impasse.
O que você verá neste artigo:
Impacto da pandemia no Enem x desistências
2020 foi incomum para todos devido à pandemia de Covid-19. Desde março do mesmo ano, a mesma representa um desafio a vários setores. Logo, com a educação não foi diferente, pois as aulas sofreram interrupções.
Restou ter que adaptar-se ao meio virtual, enquanto os perigos da doença rondavam a população. Então, o Enem 2020 passou para janeiro de 2021 com as versões impressa e digital.
Já nessa edição, o impacto que o coronavírus teve na vida dos estudantes se manifestou. Dessa forma, metade dos inscritos não compareceram no dia da prova. E, nesse sentido, a edição de 2021 caminha para resultados parecidos.
As inscrições caíram, refletindo as desistências por conta dos inúmeros obstáculos que esse cenário apresenta. Por exemplo, a falta de emprego, rotina de estudos afetada e questões psicológicas.
Dificuldades do ensino remoto
Mudar o esquema das aulas de presencial para virtual gerou contratempos nas escolas do país. Ou seja, alunos e professores tiveram que se adaptar a uma realidade totalmente nova.
Em primeiro lugar, muitos não possuem acesso às tecnologias necessárias. Além disso, nem todos têm um ambiente adequado em casa para estudar. E, por fim, o aspecto social da escola, acabou ficando de lado.
Mesmo com o retorno às salas de aula, os problemas não acabam. Por conta dos contágios, a rotina não pode voltar 100% ao normal. Isso porque, professores, alunos e famílias têm a possibilidade de ficar doente.
Com tantas transformações em vários âmbitos, os estudantes não tiveram um bom aprendizado. Sem ter contato com o conteúdo do ensino médio, muitos desistiram de fazer o Enem. Outros até mesmo abandonaram os estudos antes de concluir essa etapa.
Situação econômica x desistências no Enem
As taxas de desemprego aumentaram nos últimos anos e, com isso, o fator econômico pesou. Embora trabalhar e estudar já fosse a realidade de muitas pessoas, a pandemia aprofundou desigualdades.
Empresas tiveram cortes para conseguir se manter e demitiram muitos funcionários. Logo, pensar em sustentar a própria família virou prioridade em detrimento do sonho da universidade. Então, até mesmo pagar a inscrição de R$ 85 virou um gasto significativo.
Ainda que o candidato possa entrar na faculdade, o problema não se resolve. Ao contrário, porque existe a necessidade de comprar materiais, livros, cópias etc. Portanto, estudantes de baixa renda tiveram que adiar sua participação no Enem.
Questões emocionais
Em geral, a época do Enem costuma ser de tensão entre os formandos do ensino médio. Mas, um momento cheio de incertezas é terreno fértil para que transtornos emocionais surjam. Ainda mais com o distanciamento social necessário no combate à pandemia.
Lidar com o ensino remoto, a situação econômica e enfrentar perdas de familiares e amigos são fatores que geram quadros emocionais sensíveis. Dessa forma, muitos relatam sintomas de ansiedade, por exemplo.
Diante dessas preocupações, estudar fica em segundo plano. Enquanto os estudantes querem ingressar na universidade, seus esforços se tornam insuficientes, gerando frustração.
Ambiente doméstico
Estudar em casa requer organização e disciplina, portanto, ter um ambiente adequado é crucial. Porém, nem sempre o aluno tem esse espaço e a privacidade para se concentrar. Às vezes, ele tem o apoio da família, mas os membros não sabem lidar com a situação.
Muitas pessoas não entendem que a presença de alguém não significa disponibilidade. Dessa maneira, sofrer interrupções é parte da rotina de quem estuda online. Sem contar aqueles que não possuem estrutura e dividem cômodo com outros familiares.
Com isso, manter o foco e a motivação fica mais difícil. Ainda mais quando não se pode tirar dúvidas com os professores. Então, não ter um ambiente doméstico propício também foi motivo de desistências.
Desistências: o que levou os candidatos a não fazerem o Enem 2020
A edição de 2020 foi a primeira durante a pandemia e enfrentou diversos contratempos. Por exemplo, o adiamento e os riscos de contágio. Assim, é importante compreender o que aconteceu para saber o que esperar no futuro. Veja os principais motivos de abstenções.
Falta de preparo
Não poder estudar e se preparar para o exame foi uma das razões das faltas. Em suma, os alunos do terceiro ano não puderam concluir o ensino médio com qualidade. Por isso, muitos desistiram ou adiaram a participação na prova.
Medo de contagiar-se
O número de contágios e mortes por coronavírus também afugentou candidatos. Isso porque a transmissão se dá, na maioria dos casos, pelo ar. Logo, ficar horas em um ambiente fechado com outras pessoas é um fator de risco.
Além disso, o transporte até o local da prova é uma forma de exposição. Como resultado, cerca de metade dos inscritos não compareceu ao exame.
Desistências podem aumentar as chances no Enem 2021
De alguma maneira, a maioria das universidades aceitam o Enem como forma de ingresso. Embora não seja um vestibular em si, abre portas para a faculdade por meio do Sisu, Prouni e Fies. Portanto, alcançar uma boa nota é a melhor forma de garantir uma vaga.
Mas, como o número de desistências aumentou, estima-se que será mais fácil entrar na graduação. Isso porque a concorrência será menor, de forma considerável. No entanto, isso depende também de outros fatores e das exigências de cada instituição.
Por um lado existem cursos que não têm uma média mínima para ingresso. Logo, a nota de corte varia de acordo com o desempenho dos candidatos. Porém, há carreiras que demandam uma nota mínima que o candidato deve alcançar, independente da concorrência.
Como será o futuro do Enem?
Por agora, é difícil medir o real impacto da pandemia nos diversos setores da sociedade. Certamente, a educação sentirá os danos a longo prazo. Por exemplo, os alunos de hoje sentirão reflexos dos prejuízos na aprendizagem no futuro.
Nesse cenário, quem tem melhor situação econômica e apoio familiar, se sairá melhor. Isso porque possui recursos para seguir estudando com qualidade. Logo, poderá concluir o ensino médio com todo o conteúdo que o Enem exige.
O exame é uma das maiores portas de entrada para o ensino superior. E, como tal, ele pode se tornar ainda mais inacessível para estudantes de baixa renda. Em outras palavras, somente quem tiver estrutura poderá obter sucesso na prova.