Nos últimos 50 anos, o Brasil experimentou a redemocratização, a criação do Plano Real e o surgimento da internet. Consequentemente, muita coisa mudou, inclusive algumas profissões que foram – e continuam sendo – transformadas pela internet.
Quando foi gravada, em 1971, a canção “Construção”, do escritor e compositor Chico Buarque, a realidade política e social do país era outra. O artista havia retornado ao Brasil após 14 meses de autoexílio na Itália em meio à ditadura militar brasileira.
Nesse texto, vamos conhecer cinco profissões fortemente transformadas pela internet. Primeiro vamos listar as áreas. Depois conhecer as mudanças. Por fim, vamos analisar as perspectivas de futuro.
O que você verá neste artigo:
Segurança do trabalho
No alto do edifício em construção, o personagem da canção perde o equilíbrio e cai, batendo no asfalto e morrendo instantaneamente. Em outras palavras, a música narra um acidente de trabalho.
Situações como essa eram comuns nos anos 70 e seguem sendo um problema. Consequentemente, para prevenir acidentes, técnicos em segurança do trabalho se dedicam arduamente.
Uma forma de analisar essa situação é conhecendo os dados do setor. Desde 2012, por exemplo, 21.716 trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada morreram vítimas de acidentes de trabalho no Brasil. Em outras palavras, isso representa 1 óbito a cada 3h 51m 28s.
Depois, é necessário conhecer outro dado importante, que diz respeito ao custo dos acidentes de trabalho. Estima-se que mais de R$112,5 milhões tenham sido gastos com afastamentos resultantes de acidentes desde 2012.
Estamos falando de números divulgados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Tecnologia a serviço da segurança
Acima de tudo, a tecnologia sempre foi parceira dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Mesmo antes da internet, esses técnicos já precisavam utilizar uma série de equipamentos.
Sabe por que? Para proteger os trabalhadores que, no cotidiano laboral, são comumente expostos a agentes como o ruído, a vibração e o calor, por exemplo.
Sonômetros, audiodosímetros, medidor de estresse térmico e contador Geiger: esses são apenas alguns dos equipamentos utilizados para o que chamamos de medição. Já os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), por outro lado, têm a função de proteger os trabalhadores.
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Mudanças na segurança do trabalho
Hoje, um técnico de SST precisa conhecer e utilizar as ferramentas de internet. Além delas, também os softwares que gerenciam as atividades, a área vem sendo diretamente impactada pela Internet das Coisas (IoT).
Agora, em vez de o profissional realizar medições diretamente, é a IoT quem faz isso, por meio dos wearables (dispositivos vestíveis).
Um exemplo disso são os tecidos que controlam a temperatura dos trabalhadores em períodos muito quentes ou frios. Outro exemplo são as pulseiras inteligentes que monitoram o estado de saúde dos funcionários.
Consequentemente, há os que se preocupam com os impactos negativos da IoT. Uma das possíveis consequências seria o desaparecimento de postos de trabalho. Questões envolvendo segurança e privacidade dos dados dos usuários também geram preocupações.
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Remuneração por produtividade.
Segundo estudo do Fórum Econômico Mundial, divulgado em outubro de 2020, a automação deve acabar com 85 milhões de postos de trabalho em todo o mundo.
O impacto não fica por aí. Além das demissões, a performance dos funcionários passará a ser monitorada. Nesse caso, o objetivo seria definir o pagamento de comissões, gratificações e demais formas de remuneração por produtividade.
Dispositivos conectados via IoT também podem ser utilizados para controlar a jornada dos empregados. Um bom exemplo seria o registro automático do ponto no instante em que o empregado entra no escritório com o seu celular.
Por outro lado, todo esse monitoramento também tem consequências negativas. Afinal, muitos atribuem a isso à sensação de estarem sendo vigiados a todo instante.
Da seleção ao treinamento
Aliás, não é apenas para medir produtividade ou controlar acesso que a área de recursos humanos utiliza a internet.
A internet também torna muito mais fácil o processo de identificação de vagas e candidaturas. Um bom exemplo disso é a forma rápida como cadastramos ou enviamos currículos na atualidade. Outro exemplo é a rapidez com que os candidatos podem fazer testes online, sem sair de casa. Tudo isso torna muito mais prático o trabalho do recrutador.
Com a análise de dados, cada vez mais a tecnologia tem ajudado a aplicar processos rigorosos para avaliar candidatos. Consequentemente, reduz os custos de contratações mal realizadas.
Outra importante vantagem da tecnologia para o setor de Recursos Humanos tem sido a criação e implementação de treinamentos de equipe.
Com a ajuda do People Analytics, por exemplo, a atividade pode ser feita em menor tempo, com ganhos de produtividade e redução de custos.
Consequentemente, o profissional do setor precisa acompanhar de perto as novidades e se adaptar para conduzir os processos de mudança.
Impactos da automação na indústria
Em entrevista concedida ao jornal online de pesquisa e análise de negócios da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, estudiosos afirmaram que, ao contrário da crença popular, a automação não está substituindo trabalhadores. Consequentemente, segundo a pesquisa, não há motivo para preocupações.
No artigo “A revolução da automação: consequências gerenciais e de emprego para as empresas” publicado em março de 2021, Jay Dixon, Bryan Hong e Lynn Wu estão otimistas.
Embora diminuam o número total de gestores em uma indústria, eles acreditam que os investimentos em automação também estão associados a aumentos no emprego total da organização. Ou seja, troca-se seis por meia dúzia. Menos mal.
Atendimento ao cliente
Com a criação dos chatbots, o atendimento ao cliente também sofreu uma reviravolta. Com isso, queremos dizer que muitas organizações optaram por utilizar a tecnologia para automatizar o processo. A ideia era fornecer respostas rápidas com a ajuda da inteligência artificial.
Esse atendimento, no entanto, nem sempre agrada os clientes. Isso porque a inteligência artificial precisa de tempo para aprender as respostas certas e acaba deixando os clientes na mão.
Segundo a consultoria Gartner, o uso da tecnologia para o setor público também é uma tendência. Ela permitirá, acima de tudo, maior envolvimento com diferentes canais de comunicação e engajamento. Isso sem falar da identidade digital.
Mudanças que vieram para ficar
A área de comunicação foi, sem dúvida, uma das mais afetadas pela internet. Há 20 anos, quando surgiram os primeiros portais de notícias, acreditava-se que seria o fim do jornalismo.
Longe disso, a profissão se reinventou e se mostrou mais necessária que nunca. Em primeiro lugar, o lead deu lugar a novos formatos e o profissional precisou se adaptar às diferentes mídias.
Em segundo lugar, os profissionais começaram a se especializar em várias formações. Ou seja, é cada vez maior o número de comunicadores que, além de escrever, fotografar, editar ou narrar, sabem extrair dados, editar vídeos, programar e desenvolver layouts. São os profissionais multitarefas, cada vez mais requisitados pelas empresas.
A vez do home office
Por fim, a pandemia da Covid-19 acabou acelerando as transformações digitais. Como resultado, é cada vez maior o número de funcionários trabalhando em casa.
Seja no sistema híbrido, seja no home office, a tendência é de ampliação dessa modalidade, especialmente para funções que são exercidas de modo individual.
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