Os chamados vícios de linguagem comprometem a comunicação oral e escrita. Deve-se lembrar que, para conseguir realizar a transmissão linguística de informações na sociedade brasileira, de modo eficiente, nada melhor do que contar com com a norma padrão da língua portuguesa.
Ocorre que, no processo de comunicação, muitas pessoas acabam cometendo os chamados “vícios de linguagem”: uso de palavras, termos e expressões que comprometem o uso da gramática normativa e podem prejudicar os processos de fala ou escrita.
O que você verá neste artigo:
Problemas no uso exagerado dos vícios de linguagem
Utilizar de modo exagerado os vícios de linguagem pode prejudicar a atuação do indivíduo – seja na escrita ou fala – na faculdade, no mercado de trabalho e até mesmo em sua vida pessoal, assim limitando o seu vocabulário.
Dessa forma, torna-se de suma importância entender quais são os principais vícios de linguagem e como evitá-los, para que possamos utilizar a modalidade oral e escrita com a maior eficiência possível.
Vícios de linguagem: definição
O conceito de vícios de linguagem foi elaborado por especialistas em gramática normativa e se encontra disponível em livros didáticos de língua portuguesa, dicionários e estudos teóricos. Ele e é amplamente abordado em escolas, na disciplina de português.
Segundo os estudiosos da língua, tratam-se de usos linguísticos que afetam as normas gramaticais da língua. Isso faz com que sejam interpretados como desvios gramaticais ou, mais especificamente, erros relacionados ao bom uso da língua.
No que tange ao conceito de vícios de linguagem, eles podem ocorrer em diversos campos, tais como: no campo da sintaxe (área da gramática que estuda palavras e frases), fonética (sons), semântica (significado) e morfologia (estrutura e formação das palavras).
Exemplos gerais dos vícios de linguagem
- Vício de linguagem sintático: “Comprei vários livro ontem” [errado];
- Vício de linguagem fonético: ao pronunciar a palavra “advogado” [correto], muitas pessoas trocam a pronúncia por “adevogado” [errado] ;
- Vício de linguagem semântico: a confusão no uso das palavras “comprimento” e “cumprimento”;
- Vício de linguagem morfológico: a confusão entre o uso de cidadãos [correto] e “cidadões” [errado].
Os principais tipos de vícios de linguagem
Na língua escrita ou falada, existem inúmeros tipos de vícios de linguagem, muitas vezes comuns nos usos diários do idioma. Porém, para ajudar a aprofundar a discussão e, principalmente, ajudar a evitar a prática, torna-se importante demonstrar quais são os vícios de linguagens mais comuns no dia a dia.
Confira:
Pleonasmo:
Este vício de linguagem, também conhecido como redundância, é comum na linguagem falada. Trata-se de uma redundância desnecessária utilizada em um enunciado linguístico, tais como os famosos usos: “descer para baixo”, “subir para cima”, entre outros.
Exemplo: Vou adiar para depois a prova de recuperação [Utilizar a palavra “adiar” já proporciona a ideia de “depois”, constituindo na frase um pleonasmo. Para estar correto, bastava utilizar “adiar”] .
Ambiguidade
Por sua vez, a ambiguidade ocorre quando, ao falar ou escrever, o enunciado possui significado que pode dar margem para interpretações diferentes, confundindo assim o interlocutor ou leitor.
Exemplo: Eu olhei meu gato correndo. [A dúvida é: quem estava correndo?].
Cacofonia
Refere-se ao campo fonético (do som) e ocorre quando ao escrever ou pronunciar uma frase, o efeito obtido apresenta som desagradável ou até mesmo constrangedor ao ouvinte/leitor.
Exemplo: Eu vi ela no parque. [Note que o som de “vi ela” pode remeter a outra palavra; dessa forma, o correto seria “eu a vi”].
Estrangeirismo
O uso indiscriminado de palavras estrangeiras sem necessidade, ou seja, uso de termos estrangeiros para palavras que existem na língua portuguesa.
Exemplo: A diretora marcou um meeting com os funcionários. [A palavra meeting não é necessária, haja vista que se pode utilizar a palavra “reunião”].
Solecismo
Este se trata do vício de linguagem que afeta o uso da sintaxe segundo a norma culta.
Exemplo: Vou no banheiro e já volto. [O uso correto seria vou “ao banheiro”].
Barbarismo
Por conseguinte, o barbarismo se refere a falar ou escrever palavras que fogem à norma padrão da língua portuguesa. Esse tipo de uso é o mais comum no cotidiano, por isso precisamos ficar atentos.
Exemplo: Espero que você seje feliz [Embora muitas pessoas falem e escrevam “seje”, segundo a norma padrão o uso correto é “seja”].
Arcaísmo
Por fim, o arcaísmo ocorre pelo uso exagerado de palavras que caíram em desuso em língua portuguesa. Dessa forma, ao utilizar uma palavra antiga ou rebuscada, deve-se verificar se é adequada ao contexto de comunicação.
Exemplo: Quiçá, no próximo ano prestarei vestibular.
Fatores que levam aos vícios de linguagem?
- Ausência ou pouca leitura;
- Pouca prática escrita;
- Desconhecimento da modalidade padrão da língua portuguesa;
- Vocabulário restrito, consistindo assim a pobreza vocabular;
- Excesso de improvisos na linguagem;
- Falta de preparo para as mais diversas situações comunicativas encontradas no cotidiano;
- Assimilação de palavras que fogem à norma padrão devido à convivência em determinados contextos sociais que, combinada ao desconhecimento da norma padrão e falta de preparo para adaptar a linguagem, acaba por potencializar os vícios de linguagem;
- Dificuldades em leitura, escrita e verbalização de frases e enunciados.
Como evitar os vícios de linguagem?
Conforme observamos, os vícios de linguagem estão presentes no cotidiano e ocorrem nos processos de comunicação nas modalidades oral e escrita da nossa língua.
Além disso, alguns vícios podem ser imperceptíveis aos olhos e ouvidos de quem pratica ou mesmo quem entra em contato com eles.
Dicas gerais
Para evitá-los, precisamos nos atentar e seguir algumas dicas que ajudarão neste processo. São elas:
- Torne a leitura um hábito e não uma obrigação: o processo de leitura ajuda a assimilar; informações, melhorar o vocabulário e expandi-lo de maneira considerável, fazendo assim com que possamos elaborar melhor as nossas frases escritas e faladas, seja qual for o contexto de comunicação;
- Enriquecer o vocabulário e dominar a norma padrão da língua portuguesa auxiliam no processo de desconstrução dos vícios de linguagem;
- Estude a norma padrão da língua: assimilar as principais regras gramaticais podem ajudar a evitar usos inadequados;
- Perceba quais são os seus principais vícios de linguagem: para realizar o exercício, avalie textos escritos por você ou até mesmo grave áudios em que está se comunicando com algum familiar, amigo ou colega da profissão;
- Identificá-los pode ser uma peça chave para que possa resolver o problema de maneira pontual;
- Conheça os contextos de comunicação: conhecer e dominar os diferentes contextos de comunicação pode auxiliar na adaptação de sua linguagem segundo o que se espera socialmente;
- Verifique e adapte sua linguagem ao contexto, pois tenha em mente que a comunicação irá variar de acordo com o ambiente;
- Crie roteiros e planeje a sua fala e escrita: não há problema caso sinta a necessidade de planejar a sua fala e escrita conforme uma situação específica ou para efetuar treinos;
- Invista em anotações e pratique ao máximo a sua comunicação, atentando-se não só à norma padrão, como também exercitando a sua dicção;
- Leia ou assista materiais de especialistas em língua portuguesa;
- Consuma conteúdo de qualidade e acompanhe as dicas dos profissionais da área de linguagens.
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