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Interdisciplinaridade no Direito: qual a sua importância?

Você sabia que o Direito é um campo interdisciplinar? Para saber o porquê diferentes disciplinas interferem na capacitação dos profissionais da área, acompanhe a leitura deste artigo.

Se você já é um estudante de Direito, provavelmente já percebeu que a grade do curso é bastante diversificada. Apesar de ser uma disciplina prática, esse campo de conhecimento bebe da fonte de conhecimentos produzidos em outras áreas correlatas. A saber: a sociologia, a filosofia e a ciência política, apenas para citar alguns. Em termos de capacitação profissional, essa confluência de saberes é fundamental. Sobretudo porque elas oferecem os elementos necessários para guiar a prática jurídica na esfera empírica de atuação.

Em uma matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, especialistas afirmam que a interdisciplinaridade é muito menos uma questão de escolha do que uma ferramenta para a formação crítica de alunos universitários. Segundo consta na reportagem, os benefícios são inúmeros, tais como autonomia e flexibilidade.

A partir dessa questão, iremos te ajudar a utilizar a interdisciplinaridade do Direito como uma ferramenta de capacitação profissional. Afinal, o estudante que sabe utilizar os operadores teóricos dos quais se dispõem tende a ter um diferencial formativo importante.

O que é a Interdisciplinaridade?

Para começar, é preciso compreender que nos tempos atuais, dificilmente encontramos disciplinas completamente isoladas. A modernização do mundo fez com que as formas de conhecimento disponíveis se conversassem cada vez mais. No entanto, mesmo que isso seja uma tendência da contemporaneidade, a relação entre as diferentes áreas de conhecimento é muito mais antiga do que imaginamos.

Quando dizemos que a Filosofia é a “mãe de todas as ciências”, isso deve ao fato de que esse campo teórico de conhecimento desdobrou-se em novas formas de leitura da realidade. Dessa forma, desde os primórdios do desenvolvimento das ciências, na Idade Antiga da Grécia, já havia um movimento no sentido de criar conhecimentos úteis à resolução dos problemas da vida em sociedade.

Evidentemente, esse processo também foi responsável, ao longo do tempo, pela hiperespecialização das disciplinas. Ainda assim, todos os conhecimentos que são produzidos hoje são organizados e segmentados de acordo com as suas especialidades. Como por exemplo as Ciências Exatas, as Ciências Humanas, a Linguística, as Ciências Sociais Aplicadas (o Direito está incluído aqui, inclusive) e por assim adiante. Devido à natureza dos objetos de estudo de cada uma das grandes áreas, as disciplinas podem compartilhar de um arsenal teórico em comum, mas elaborar metodologias e reflexões próprias de seus campos.

No caso da interdisciplinaridade, pode-se dizer que esse é um movimento pelo qual as universidades e seus respectivos programas de graduação estão inclinadas a aderir cada vez mais. Pois acredita-se que isolar as disciplinas é uma forma de privar a construção de olhares críticos, múltiplos e sistêmicos. No caso do curso de Direito, o cruzamento de diferentes campos de conhecimento ajudam o profissional a compreender as questões práticas de maneira mais completa, abarcando toda a sua complexidade. Isso, por sua vez, capacita-os na hora de tomar decisões.

A interdisciplinaridade no Direito

Conforme mencionamos anteriormente, o Direito é uma disciplina que deriva da grande área das Ciências Sociais Aplicadas. Por conta disso, todo conhecimento destinado à reflexão da sociedade enquanto um complexo de estruturas institucionais e suas organizações será considerado como pertinente ao campo. Todavia, o Direito se diferencia por construir um arcabouço teórico próprio e destinado à compreensão das Ciências Jurídicas. Por outro lado, isso não dispensa a conexão desta disciplina com outros campos de conhecimento. Muito pelo contrário, essa é uma condição para que a área dê conta da complexidade dos fenômenos jurídicos e sociais.

O leque de possibilidades construtivas que a interdisciplinaridade oferece ao curso fez, portanto, com que muitos professores e programas de ensino passassem a reestruturar o projeto pedagógico do curso. É por isso que na grade do Direito é comum encontrar disciplinas derivadas da Psicologia, Filosofia e Sociologia, por exemplo. Inclusive, apenas a título de curiosidade, os autores contratualistas, como Hobbes, Locke e Rousseau, utilizados na matéria de Teoria do Estado, derivam do campo da Filosofia Política. Assim, mesmo que sutilmente, a interdisciplinaridade é inseparável do Direito.

Mas não é somente pela compatibilidade entre as diferentes áreas de conhecimento que esse cruzamento é conveniente para o campo. Um profissional que teve acesso à diferentes fontes de informação tende a desempenhar melhor. Logo, estará mais capacitado para desempenhar sua função no trabalho. É sobre isso que nos dedicaremos no tópico a seguir. Acompanhe!

Perfil do estudante de Direito

De antemão, ser bacharel em Direito te dará a oportunidade de atuar em diversas áreas e funções. Porém, é desejável que o estudante de Direito tenha algumas características em comum para todas essas áreas. Ou seja, independentemente do ramo que você escolher para trabalhar, é importante que você tenha, ou desenvolva ao longo do curso, algumas características:

Inteligência emocional

Desde já, o profissional formado em Direito trabalhará diretamente com pessoas, sejam outros profissionais ou clientes com seus problemas, esperando por uma solução. Por isso, é essencial que esse profissional tenha inteligência emocional, ou seja, que saiba administrar as emoções. As situações que colocarão a inteligência emocional à prova poderão se mostrar já durante o curso, em seminários e debates. Ou então, no exercício da profissão, em audiências. Dessa forma, lidar com as emoções é uma característica essencial.

Boa oratória

Oratória é a arte de falar em público, estruturadamente, para atingir um objetivo. Esse pode ser informar, influenciar mesmo entreter o público ouvinte. Se você já assistiu a algum filme ou série de advogados, deve ter notado que a parte mais importante, o clímax da história, é o discurso final. Geralmente é a cena que faz o júri ou o juiz mudarem de ideia. Essa é a importância do poder de argumentação, que deve ser adquirido pelo estudante do curso superior de Direito.

Hábito de leitura e pesquisa

A princípio, o estudante de Direito precisará encarar livros densos e grandes para adquirir conhecimentos em ética, relações interpessoais, direitos humanos e, principalmente, em leis. As pesquisas ainda serão essenciais para aumentar o repertório do aluno e melhorar sua capacidade de argumentação. Por isso, o hábito de leitura e a capacidade de pesquisa são essenciais.

Capacidade de escrita

Frequentemente o hábito de leitura por si só já aperfeiçoa a escrita, mas isso não é suficiente para o estudante de direito. Será necessária a habilidade de transformar em palavras escritas suas ideias e argumentos, com coesão e o uso correto da norma culta. Além disso, é necessário ter conhecimento do vocabulário jurídico, que é bem amplo.

Lidar com pressão

Primeiramente, saiba que a pressão é algo corriqueiro tanto para o estudante quanto para o profissional de direito. Você poderá se sentir pressionado na construção de seus argumentos, ou na competitividade natural com seus colegas. Além disso, nos concursos públicos ou mesmo no exame da OAB. Em todos os casos, saber lidar com a pressão é mais um teste de inteligência emocional.

Formação de networking

Ser profissional de Direito exige constante aperfeiçoamento e aprendizado. E uma das melhores formas de aprender é trocando experiências com outros profissionais. A palavra networking traduz uma rede de contatos de trabalho que, bem construída, pode favorecer sua ascensão profissional. Iniciando essa rede já na faculdade, você pode garantir futuras oportunidades ou mesmo se firmar como especialista em alguma área específica. Então, não menospreze seus colegas, mas sim, mantenha uma rede de contatos profissionais.

Capacitação profissional

De antemão, é preciso compreender que para um profissional ser considerado capacitado para atuar, não basta apenas saber interpretar aquilo que está dito no código penal e nas leis. Nesse sentido, os melhores resultados são sempre decorrentes de boas elaborações. Estas só são factíveis quando o estudante é capaz de associar o Direito à outras fontes de conhecimento.

Em conclusão, pode-se afirmar que uma formação completa na área de Direito deve incluir diferentes angulações dos fenômenos sociais em sua grade de ensino. Pois, é somente em contato com a interface da interdisciplinaridade que novos paradigmas surgem. Afinal, a troca de conhecimento é muito mais rica quando o projeto pedagógico é arrojado. E os estudantes que sabem reconhecer isso estão a um passo da profissionalização.

Esperamos que esse conteúdo o tenha elucidado quanto ao tema posto em discussão. Para acessar materiais relacionados, clique aqui.

 

 

 

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