A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a que é utilizada pelos surdos no Brasil. Assim, para um pedagogo, que lida com educação, aprender a se comunicar em Libras é fundamental para compreender o que o aluno surdo quer dizer. E também para interagir com quem tem grandes limitações de audição.
A Libras é também uma das formas de educação inclusiva. Trazer o aluno surdo para o convívio dos não surdos traz diversidade e um aprendizado muito rico. O professor pode desenvolver um material didático voltado para os alunos surdos, bem como envolver os demais colegas a fazer parte desse processo.
Afinal, quer inclusão melhor que quando todo mundo se comunica e se entende? Saber usar a Libras ajuda na compreensão do mundo dos surdos, traz o aluno para dentro do grupo e estabelece uma comunicação bastante assertiva, ativa e inclusiva para todos. Mas o que é exatamente a Libras e como ela funciona?
O que você verá neste artigo:
A Língua Brasileira de Sinais
Você já deve ter visto uma pessoa se comunicando com outra que é surda por meio de sinais visuais e gestos. Por meio deles, elas estão ou contando uma história, relatando como foi o final de semana ou comentando o noticiário do dia, por exemplo. Este sistema complexo de comunicação é a Libras, que foi reconhecida por lei em 2002.
Mas a comunicação por meio de sinais visuais e gestos existe desde sempre. O que a Lei n° 10.436 fez foi tornar oficial um sistema de comunicação que já existia. Assim, se tornou possível institucionalizar o aprendizado de Libras dentro do ambiente escolar. Mas não só. Essa língua passou a ser a oficial para a comunicação entre pessoas surdas e não-surdas.
Antes disso, bem antes aliás, o Brasil foi pioneiro na elaboração de uma língua de sinais. Em 1857, o imperador Dom Pedro II criou o Instituto de Surdos (que hoje é o Instituto Nacional de Educação de Surdos), a primeira escola para surdos do país. Sua proposta foi baseada no modelo francês de língua de sinais, e foi uma das primeiras do continente. Nesta escola estudaram alunos brasileiros e de outros países em busca de uma comunicação inclusiva.
Como funciona a Libras?
Vamos voltar ao exemplo que demos há pouco, ao lembrar de ver pessoas surdas conversando entre si. Aqueles gestos e sinais são palavras, organizados da mesma forma que a língua falada e escrita. Portanto, a Libras tem uma organização das palavras e gramática próprias.
Por isso não são somente gestos isolados. São um sistema de comunicação complexo e único. Diferentemente do que podemos achar, cada país tem um sistema próprio de comunicação com os surdos. Assim, em Portugal, há a Língua Gestual Portuguesa; nos Estados Unidos, a American Sign Language; e na França, a Langue des Signes Française.
Dessa forma, os sinais que usamos aqui são diferentes dos que são utilizados em outros países, da mesma forma que as palavras e gramática também são. Mas o objetivo é o mesmo. As línguas de sinais como a Libras são tão eficientes que elas são objeto de estudos de linguistas no mundo todo.
Há alguns sinais que são considerados universais entre os falantes das línguas de sinais de vários países. Mas a grande maioria das palavras são diferentes. Mas nem só de sinais gestuais é feita a Libras. As expressões faciais contam muito também. Por meio delas, o falante pode comunicar a intensidade de determinado acontecimento. E isso faz diferença na hora da comunicação.
O alfabeto dactilológico
Em alguma época da sua vida você já deve ter se deparado com alguns gestos especiais feitos com as mãos e os dedos. Cada um deles significa uma letra. É o que se chama de alfabeto dactilológico. Embora os gestos façam alusão às letras do alfabeto, elas não são propriamente Libras, ou não são a forma de comunicação mais usada entre os surdos.
Esse tipo de comunicação ajuda, de uma forma ou outra, a poder conversar com uma pessoa com dificuldade auditiva. O alfabeto que é conhecido no Brasil tem origem espanhola, e se usa mão direita para fazer os símbolos das letras. Somente uma mão é utilizada nesse processo. Em alguns países, ambas as mãos acabam sendo utilizadas.
Estes símbolos procuram representar as letras, no caso brasileiro, do alfabeto. A comunicação serve de ponte entre a linguagem oral e a Libras. Digamos que é uma iniciação para quem está começando a aprender esse novo idioma.
A vantagem de saber Libras na educação
Dessa forma, ao conhecer as nuances, palavras e gestos da Libras, o educador consegue se comunicar com os alunos surdos, entendê-los e incluí-los no processo de educação. Os outros alunos ouvintes também se beneficiam dessa comunicação. Eles podem todos se conversar de maneira amistosa, igualitária e divertida.
Isso contribui para uma educação mais humanizada, na qual todo mundo tem as mesmas oportunidades de estudo e aprendizado. Cada um com as suas limitações, mas sem deixar ninguém para trás e de fora.
Além disso, saber usar Libras é um diferencial na carreira profissional do pedagogo. Em um mundo no qual a inclusão é a palavra da vez, ter esse conhecimento já de antemão faz diferença na hora da contratação.
Como aprender Libras?
Há cursos especializados nessa língua de sinais, da mesma forma que há escolas de idiomas estrangeiros. Existem também cursos online, e a ideia é difundir essa língua para que mais e mais pessoas possam se comunicar com os surdos.
Muitas instituições de ensino superior oferecem a disciplina de Libras como matéria optativa em todos os cursos. Assim, se for o seu caso, aproveite a oportunidade e já se matricule. Imagine um contador poder se comunicar com um cliente surdo. Ou um médico. Ou um pedagogo, que vai lidar com crianças e adolescentes com limitações de audição.
Assim, além de poder trabalhar de maneira mais inclusiva com esses alunos, será possível também participar de rodas de conversa entre surdos. Entender esse mundo é muito enriquecedor e traz uma vivência que os ouvintes não têm. Isso sim é inclusão!
Gostou deste conteúdo? Então fique com a gente e leia também sobre acessibilidade: como funcionam as aulas para cegos e surdos?