O profissional em Gestão de Saúde Pública é capaz de gerenciar todo o trabalho de uma instituição que trata de saúde pública ou de projetos voltados a esta área
A saúde pública é um assunto que está sempre em evidência, e não é para menos. No Brasil, é ela que lida não somente com o atendimento básico de saúde a todos os brasileiros, mas também com ações de suporte.
Ela é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que delega determinadas ações de saúde às secretarias estaduais e municipais. Assim, cada uma delas tem atribuições próprias, e é responsável por atender às demandas da população. Mas, para entender o que é o curso de Gestão de Saúde Pública, vamos ver o que é esse termo e como funciona.
O que você verá neste artigo:
O que é saúde pública
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, ela é um dever do Estado e um direito do cidadão. Ou seja, os governos federal, estadual e municipal são obrigados, por lei, a fornecer serviços públicos de saúde. E a população tem o direito de ter acesso.
Oferecer um bom sistema de saúde passa não só pelo atendimento médico, realização de exames e cirurgias. Passa pela prevenção de doenças, fornecimento de medicação, saneamento básico, vacinas e até fiscalização da produção de alimentos.
Dessa forma, falar de saúde pública é abranger um campo bastante amplo de estudo. Assim, é um investimento que o estado faz para que sua população se mantenha saudável. E pessoas com boa saúde têm uma vida mais plena, apta para o trabalho e lazer.
O Sistema Público de Saúde
O profissional em Gestão de Saúde Pública tem um contato bastante próximo com o Sistema Público de Saúde, o SUS. É ele quem gerencia todas as atividades que se relacionam com a saúde pública. Ele surgiu com a Constituição de 1988, que instituiu o direito universal à saúde. isso significa que todos os brasileiros devem ter acesso a um atendimento médico de qualidade.
Antes da sua instituição, somente as pessoas que contribuíam com a Previdência Social tinham direito a usar a saúde pública. Quem não fazia parte desse grupo dependia de atendimentos gratuitos de entidade filantrópicas, ou da rede privada.
Assim, o SUS trouxe à população em geral a oportunidade de receber acompanhamento médico, de graça, sem nenhum pagamento adicional. Mas o SUS não se ocupa somente da parte médica. Ele vai da estrutura do postinho de saúde até a vigilância sanitária.
O SUS e suas divisões
O especialista em Gestão de Saúde Pública precisa conhecer com detalhes a estrutura do SUS, até porque ele vai atuar em estreita parceria com ele. Um dos ramos mais conhecidos do SUS é a atenção básica. Ela é representada principalmente pelos milhares de postos de saúde que atendem a uma determinada população.
Os postos (também conhecidos como Unidades Básicas de Saúde) têm os médicos que fazem os primeiros atendimentos. Assim, o corpo clínico conta com médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, dentistas e agentes comunitários de saúde. Essas UBSs atendem a um bairro ou conjunto de bairros, com especialidades como clínica médica, pediatria e ginecologia. Em casos de atenção mais especializada, os pacientes são encaminhados a outras unidades de saúde.
O calendário de vacinação também faz parte da dinâmica do SUS, e geralmente as vacinas são aplicadas nas próprias UBSs. Há imunizantes disponíveis durante o ano todo, e alguns que são disponibilizados em alguns períodos, como os da gripe, por exemplo.
O SUS também possui tratamentos mais sofisticados, voltados para pacientes com doenças graves, como câncer por exemplo, além de reabilitação física e internação em leitos de unidade de terapia intensiva.
Além do atendimento médico
O SUS não fica só nos postos de saúde, hospitais especializados e vacinação. A Vigilância Sanitária faz parte do SUS, e não é para menos. É a Vigilância que está sempre de olho em focos de doenças contagiosas, por exemplo. Campanhas de conscientização para evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue, Chikungunya e zika, é uma delas.
Afinal, ao evitar que o mosquito se prolifere, menos pessoas ficam doentes. Isso acarreta em um menor número de internações e, por consequência, menos risco de mortes por conta da doença. E não é só isso.
Demais doenças infectocontagiosas entram no radar da Vigilância. Campanhas de vacinação para sarampo, rubéola, poliomielite, difteria, tétano e várias outras são elaboradas pela SUS. A vacinação é uma das formas mais eficazes de evitar que uma doença se espalhe. Quando ainda não há vacina, como é o caso do HIV, a campanha tem outra abordagem. Mostra os riscos da doença, as formas de transmissão e de prevenção.
SUS e a qualidade da alimentação
É a Vigilância Sanitária que também se ocupa da verificação da produção de alimentos, especialmente os de origem animal. As empresas que produzem carnes, leites e derivados precisam de autorização especial para funcionar, bem como um fiscal que acompanhe todo o processo produtivo.
Há também normas específicas para a produção e processamento de alimentos, que são continuamente fiscalizadas pelo poder público. Isso garante a qualidade do que é produzido e vendido, a fim de evitar a disseminação de doenças entre as pessoas e animais.
O curso de Gestão de Saúde Pública
Ele é oferecido como formação tecnológica, com duração média de dois anos. O aluno conclui o curso apto a gerenciar uma instituição pública de saúde ou atuar na consultoria. Para isso, ele tem contato com disciplinas que mostram o dia a dia desse trabalho.
Conhecer a Administração Pública é fundamental. O aluno aprende como funcionam as esferas de Administração pública, como funcionam e o que compete a cada ente federativo (municípios, Estados, Distrito Federal e Governo Federal).
É com esse conhecimento de Administração Pública que o profissional em Gestão de Saúde Pública poderá lidar com demais instituições e governos. Ele precisa conhecer o dia a dia, as regras e legislações específicas.
A Gestão da Saúde Pública e o SUS
O aluno saberá como funciona a saúde pública em todas as suas áreas. Assim, ele conhecerá a legislação que rege o SUS, bem como suas atribuições. Isso é importante, visto que ele vai lidar, direta ou indiretamente, com setores da saúde pública.
Nessas aulas, ele também conhecerá como funciona a Vigilância Sanitária e como ela atua. Além disso, ele precisa conhecer quais são as doenças de notificação compulsória. Esse é um conceito importante, visto que, com esses dados, os governos podem tomar ações mais localizadas.
Por exemplo, o gestor de Saúde Pública pode fazer um levantamento de quantos pacientes apresentam determinadas doenças. Ele pode elaborar estudos para enviar à Administração Pública e informar o aumento na incidência de alguma enfermidade.
A importância do conhecimento especializado
Esses dados mais focalizados em uma determinada comunidade trazem informações importantes ao poder público. O profissional em Gestão de Saúde Pública pode sugerir a realização de ações para erradicar ou diminuir a incidência de doenças, especialmente as de fácil tratamento.
Ainda nesse exemplo, o gestor pode notar um aumento de diagnósticos de doenças infecciosas. Ele pode solicitar um estudo à Prefeitura da cidade para verificar se há algum foco de infecção. Pode ser um rio contaminado, um vazamento de alguma substância tóxica ou a falta de saneamento básico.
São informações assim que ajudam a administração pública a melhorar a vida daquela população. Assim, a incidência dessas doenças se reduz drasticamente.
A Estatística como aliada da Saúde Pública
Esse estudo mais detalhado com informações sobre a incidência de doenças é um verdadeiro aliado na prevenção e tratamento. Além das enfermidades infecciosas, há também as de tratamento contínuo, que merecem uma atenção especial.
São as doenças crônicas, que não têm cura, mas, sem acompanhamento adequado, tiram a qualidade de vida do paciente. As mais comuns são a hipertensão, diabetes e obesidade. Elas são relacionadas com o estilo de vida da pessoa. A falta de exercícios físicos e a má alimentação contribuem bastante para o surgimento dessas doenças.
O profissional de Gestão de Saúde Pública pode elaborar uma campanha especial para esses pacientes na parte de prevenção e tratamento. Assim, programas de reeducação alimentar, organização de atividades físicas e acompanhamento periódico são algumas dessas ações. Elas podem incluir médicos, enfermeiros, assistentes sociais, educadores físicos e nutricionistas.
Conhecimento de Epidemiologia
O profissional de Gestão de Saúde Pública precisa conhecer o que são, como aparecem e como tratar das epidemias, que ocorrem quando uma doença se espalha na população. A primeira coisa que pensamos é nas doenças infecciosas, transmitidas por agentes patogênicos, como vírus e bactérias.
São enfermidades que, em sua maioria, têm fácil controle, tratamento e prevenção. Um exemplo é a gripe, que tem vacina disponível todos os anos. O sarampo também tem imunizante disponível e tratamento gratuito. Essas doenças precisam ser monitoradas, visto que, de tempos em tempos, elas aparecem com mais força – e podem atingir uma população maior.
Mas nem só de vírus e bactérias são feitas as epidemias, e o especialista em Gestão de Saúde Pública precisa saber disso. Hoje há a epidemia de obesidade, que não é transmissível por agentes patogênicos. Por outro lado, pessoas que fazem cada vez menos exercícios e se alimentam mal são suscetíveis a se tornar obesas.
A obesidade costuma trazer junto a hipertensão, conhecida como pressão alta, e a diabetes, quando há um aumento da glicemia no sangue. São doenças que nem sempre têm sintomas, mas que, a médio e longo prazo, trazem prejuízos à saúde.
Nas aulas de Epidemiologia, o aluno de Gestão de Saúde Pública conhece quais são as doenças mais comuns, as de notificação obrigatória, e o que fazer para identificar e eliminar esses focos. Com essa atuação preventiva, ele pode contribuir para salvar vidas e preservar a saúde da população.
Gestão de Saúde Pública na sua totalidade
O curso também traz disciplinas que tratam da gestão de pessoas. Afinal, o profissional precisará lidar com funcionários das mais variadas funções. Do médico ao auxiliar de enfermagem, passando pela contratação de empresas de segurança e limpeza, tudo isso é de responsabilidade do profissional.
O especialista também precisa tomar conta dos custos da instituição. Mesmo que seja um posto de saúde do bairro. Essa unidade de saúde recebe uma verba estatal, e ele precisa gerenciar as compras de material de limpeza, higiene e hospitalar.
Outro conhecimento importante para o profissional em Gestão de Saúde Pública é das novas tecnologias. Há cidades em que os prontuários dos pacientes ficam armazenados em servidores, e as UBSs daquele município têm acesso. Isso facilita muito o atendimento, já que médicos de unidades diferentes acompanham o tratamento do paciente.
A tecnologia na Gestão de Saúde Pública
Esse assunto merece uma atenção especial. O especialista pode sugerir também novas técnicas para tornar o atendimento mais ágil, eficaz e seguro. A disciplina de Sistema de Informação traz noções aos alunos de como elaborar procedimentos nesse sentido.
E a tecnologia de acesso à informação é uma tendência cada vez maior para esses profissionais. Eles podem elaborar até sistemas para serem utilizados em um município todo, bem como nas esferas estaduais e municipais. Aos poucos, o uso do prontuário de papel vai se tornando menos comum, e ele vai dar lugar ao registro eletrônico.
Outras tecnologias que podem ser desenvolvidas com a ajuda do especialista em Gestão de Saúde Pública dizem respeito ao atendimento à população. Sistemas de marcação de consulta, por exemplo, são muito beneficiados com o uso da internet e tecnologia. Os pacientes podem marcar diretamente em um aplicativo as consultas nos postos de saúde. Isso facilita o registro, evita filas e traz mais conforto ao cidadão.
Contratos, Logística e legislações
O aluno de Gestão de Saúde Pública vai lidar com esses assuntos em alguns momentos no seu trabalho. Em muitos casos, instituições públicas de saúde precisam contratar empresas especializadas em alguns serviços, ou consultores profissionais. Para isso, há formas de contratos específicas, bem como formas de contratação.
Essas formas de contratos são regidas por uma legislação específica. Os recursos para a Saúde Pública vêm do Governo Federal, Estadual ou municipal que, por sua vez, vêm do pagamento de impostos pelos cidadãos. Assim, esse processo precisa ser transparente e atender às necessidades daquela região.
Da mesma forma, ele precisa tratar da forma de distribuir suprimentos médicos para as UBSs, se ele atua na esfera da administração pública. Assim, um suprimento de insumos ou medicamentos, por exemplo, são fornecidos às UBSs de forma proporcional à quantidade de habitantes que ela atende.
Os problemas da Saúde Pública no Brasil
O SUS e a Saúde Pública em geral devem atendem a todos os brasileiros de forma igual e irrestrita. Porém, sabemos que a realidade é bem diferente. Os recursos nem sempre chegam na quantidade e periodicidade que as instituições precisam. É comum ver pessoas que não conseguem atendimento médico e remédios.
Assim, o profissional em Gestão de Saúde Pública pode e deve atuar para, pelo menos, minimizar esses problemas. Ele pode atuar na otimização do uso dos recursos que chegam às instituições e reorganizar alguns trabalhos. Ele pode – e deve – informar ao poder público quando não conseguir contornar essas dificuldades.
Em casos assim, ele pode até sugerir novos projetos de Saúde Pública, que podem incluir estratégias de atendimento, novas tecnologias e programas voltados a uma comunidade em especial.
Os desafios da Saúde Pública hoje
O SUS ficou ainda mais em evidência nos últimos meses. Com o surgimento da pandemia da Covid-19, a procura por atendimento aumentou muito em um curto espaço de tempo. Não à toa, notícias de superlotação de hospitais, públicos e privados, fizeram e ainda fazem parte do dia a dia das pessoas.
Mas é pelo SUS que vem uma das notícias mais esperadas: a vacinação. É por meio do Ministério da Saúde, e das secretarias Estaduais e municipais, que as vacinas chegam à população. Campanhas e organização dos postos de vacinação são atribuição da Saúde Pública.
Os gestores devem ter informações sobre a quantidade de imunizantes disponíveis, bem como o público que precisa ser vacinado. Isso permite o planejamento das datas de vacinação, os locais de aplicação e o registro das doses aplicadas. Os cuidados com os trabalhadores da área da saúde também devem ser redobrados, visto que eles atuam diretamente com as pessoas doentes.
O trabalho da Gestão de Saúde Pública e a prevenção
O profissional não pode deixar de lado outras ações que impactam diretamente na vida da sociedade. E tais ações são muito variadas. Uma delas é o amparo às gestantes e aos filhos recém-nascidos, bem como ações de planejamento familiar e a diminuição da gravidez na adolescência.
Outro público que deve ser acompanhado de perto é o dos idosos. É uma parcela da população que está se tornando mais numerosa, e precisa de cuidados especiais. Assim, atividades físicas voltadas para os mais velhos e atendimento médico especializado trazem mais qualidade de vida a eles.
Além disso, o especialista em Gestão de Saúde Pública deve ficar atento à prevenção de doenças que podem ser evitadas. Criar estratégias de divulgação à população a respeito de sinais ou sintomas é algo que deve ser encorajado. Tudo isso é para promover o bem-estar da população.
Mercado de trabalho
Uma vez formado, o profissional em Gestão de Saúde Pública pode se especializar em algumas áreas de trabalho. Ele pode continuar seus estudos, por exemplo, na administração hospitalar. Ele acompanha o dia a dia dessas instituições, de forma a garantir um melhor atendimento aos pacientes e um bom ambiente de trabalho para os funcionários.
Há também o ramo da prevenção de doenças. Ele atua direto com a população, especialmente nas UBSs, ou nas Secretarias de Saúde, para levantar dados de doenças específicas. Assim, ele consegue planejar ações para detectar, tratar e prevenir a incidência de doenças mais graves.
O especialista pode trabalhar na logística de Saúde Pública, na organização do recebimento e distribuição de insumos e medicamentos. Isso é muito importante, visto que os pacientes não podem esperar para receber o tratamento ao qual estão submetidos. A falta de remédios agrava muito as suas condições de saúde.
Lembre-se de que nem só de medicamentos é feito o sistema de saúde. Insumos, como seringas, linhas de sutura, algodão e curativos, por exemplo, são fundamentais para o dia a dia. Sem eles, os profissionais não conseguem realizar tratamentos importantes para os pacientes.
Portanto, para quem quer fazer a diferença na vida das pessoas, o curso superior de Gestão de Saúde Pública é para você! Aproveite e veja também quanto ganha um farmacêutico no interior do Brasil.