Muitas pessoas vão dizer que não é possível ensinar a ser um líder. E não é mesmo. Por outro lado, podemos admitir, sem medo de errar: liderança é algo que se aprende com o tempo. Por isso mesmo, vamos apresentar dicas para você exercitar sua liderança e aproveitar todo o potencial para inspirar pessoas.
O professor Luiz Maurício Bentim, ao comentar sobre a contribuição dos filósofos gregos na educação, lembra das preocupações de Platão (428-7 a. C – 348-7 a. C.) a respeito dos líderes.
Para o filósofo, seria necessário formar bem os governantes para que se tornassem homens bons e justos, pois governantes ruins poderiam até mesmo destruir uma cidade.
Nessa linha, em sua clássica obra “A República”, Platão conclui que os filósofos seriam os mais adequados para governar.
O que você verá neste artigo:
Reflita sobre a liderança
Refletir sobre o papel da liderança, inclusive, é mais importante do que se imagina e nem sempre conhecemos a real dimensão do seu impacto. Isso porque, muitas vezes, em vez de motivar, líderes acabam agindo no sentido inverso.
Para se ter uma ideia do problema, basta verificar a pesquisa feita em 2013 pela consultoria Korn Ferry, em parceria com a Universidade de Harvard.
Na ocasião, o levantamento descobriu que 50% dos 95 mil líderes nos 49 países mapeados estavam criando climas desmotivadores. Desse total, apenas 19% das lideranças promoviam alto desempenho.
No Brasil, o retrato foi ainda pior: Segundo a pesquisa, de um total de 3 mil gestores, 63% estavam criando um clima desmotivador, contra 12% que conseguiam motivar seus colaboradores.
Pessoas primeiro
A consultoria Korn Ferry publicou, em 2021, outro documento importante para repensar o futuro da liderança.
Segundo a publicação O futuro é radicalmente humano, todos precisamos impulsionar nossas estratégias de transformação.
Nesse cenário, os líderes são justamente aqueles que devem se antecipar às mudanças, o que passa, inevitavelmente, por colocar as pessoas em primeiro lugar.
Na prática, isso significa que os líderes precisam possuir algumas características consideradas fundamentais para em um futuro radicalmente humano. Listamos algumas delas a seguir:
- devem ser inclusivos;
- encorajam as minorias;
- valorizam a diversidade de vozes e experiências;
- tratam seu pessoal da mesma forma que cuidam de seus clientes;
- confiam na sua equipe;
- são emocionalmente inteligentes;
- dispostos a serem abertos, vulneráveis e colaborativos;
- conhecem a experiência do funcionário;
- precisam ser auto-disruptivos.
Tenha um propósito de vida antes de ser líder
Vamos tomar como o exemplo a liderança de Conceição Evaristo, considerada uma das principais escritoras da literatura brasileira e afro-brasileira atualmente.
Em seus livros, Conceição reflete sobre as questões de raça e de gênero. Com isso, se propõe a revelar a desigualdade e os preconceitos, além de recuperar a memória da população preta.
Um bom líder, acima de tudo, deve ser justamente alguém que inspira as pessoas ao redor. Nesse caso, não importa se está em uma escola ou igreja, se é político ou escritor. O importante mesmo é ter um propósito de vida.
Para isso, o primeiro passo é olhar para sua própria trajetória de vida. Então, assim como Conceição Evaristo, todos podemos encontrar as “histórias” que desejamos contar. Ou seja, descobrir que tipo de liderança exprime aquilo que atribui sentido para a nossa vida.
Tudo isso ajuda a inspirar outros na busca de resultados notáveis e de realizações nobres.
Busque o autoconhecimento
Já falamos sobre como encontrar seu GPS interno e realizar testes de vocação, personalidade e perfil.
Um bom líder também é alguém que compreende suas características e conhece suas qualidades e limitações.
Isso porque as lideranças capacitadas para as mudanças em curso precisam ser flexíveis.
Além do mais, conhecer nosso perfil comportamental nos ajuda a entender quem somos, fortalecer nossas qualidades e deixar de buscar oportunidades que não se adequam às nossas características.
Líderes conservadores, metódicos e voltados a procedimentos, por exemplo, podem ter mais dificuldade para compreender as oportunidades disruptivas ou mesmo pivotar seus negócios.
Apesar disso, existem diversos perfis de liderança. Por isso, vale a pena conhecer o seu perfil comportamental e descobrir os estilos de liderança compatíveis com seu perfil.
Líderes aprendem a lidar com as críticas
Opiniões negativas geralmente mexem com a gente. No entanto, para exercitar sua liderança, comece não se deixando abalar pelas críticas e as fofocas.
As pessoas tendem a avaliar negativamente as situações que desconhecem ou que não conseguem compreender.
Por outro lado, um bom comandante entende que as críticas não são pessoais. Muitas das vezes expressam as frustrações de quem critica. Em outras ocasiões, destinam-se apenas a figura do líder e não à pessoa por trás da função.
Apesar disso, um bom dirigente tem a empatia necessária para ouvir as opiniões contrárias para apreender as informações relevantes.
Por vezes, um inimigo ajuda mais do que um amigo, ao expor nossas falhas de forma direta e sem pudor. Consequentemente, nos ajuda, muitas vezes, a perceber de forma mais nítida a necessidade de mudança de percurso.
Quer saber mais? Aprenda a evitar que as críticas te afetem e saiba separar as críticas construtivas das destrutivas.
Aprenda a ter empatia para liderar melhor
Empatia, no entanto, não se resume a aceitar de modo favorável as fofocas e opiniões negativas.
Para exercitar sua capacidade de chefiar, comece aprendendo a ouvir as dores dos seus colegas sem emitir qualquer opinião ou julgamento.
Nem sempre será possível nos colocarmos no lugar da pessoa que sente raiva, medo ou tristeza.
Por outro lado, a melhor coisa que temos a oferecer é a presença e a confiança de que nossos colegas podem contar com a gente.
No artigo “A empatia como instrumento de gestão”, Aline da Silva Coelho discorres sobre o tema. Segundo ela, a empatia possibilita a transformação nas relações humanas e profissionais. Consequentemente, ajuda a construir relacionamentos mais saudáveis e duradouros no ambiente organizacional.
Por outro lado, muitos confundem o conceito de compaixão com o de empatia.
Segundo a autora do artigo, compaixão é a virtude de compartilhar o sofrimento do outro. A empatia, por sua vez, é olhar com o olhar do outro.
No segundo caso, o empático considera a possibilidade de uma perspectiva diferente da sua. Ou seja, sente como se sentiria caso estivesse nas circunstâncias experimentadas por outra pessoa.
Além disso, a empatia permite compreender melhor a jornada do cliente. Com isso, líderes empáticos conseguem sentir mais facilmente as dores que sua organização pode solucionar.
Segura firme no leme
Nem sempre o mar estará calmo. Todo líder passará por altos e baixos. Por isso, uma boa forma de exercitar sua liderança é se manter firme quando seus colegas estiverem desesperados.
A serenidade é um ingrediente indispensável para conseguir passar pelas turbulências sem agir de modo impulsivo.
Em outras palavras, líderes eficazes têm um alto grau do que ele chama de inteligência emocional.
Ainda segundo Aline da Silva Coelho, compreender os próprios sentimentos, ter empatia pelos outros e controle das emoções pode modificar para melhor a vida de uma pessoa.
Para saber mais, leia esse artigo em inglês sobre tudo o que um líder precisa ser e fazer.