Pensamos que antifragilidade é o oposto de fragilidade. Ou seja: algo que não é frágil, que é resistente, que aguenta qualquer coisa. Mas esse conceito vai um pouco além, e está se transformando em uma qualidade que podemos desenvolver na nossa vida pessoal e profissional.
Temos essa ideia porque o prefixo ‘anti’ significa contra. Assim, algo antifrágil seria o oposto de frágil. Ou seja, algo forte, resistente, que suporta grandes pressões e não se danifica. É aí que a coisa muda de figura.
Para se entender o conceito de antifragilidade, vamos entender o de resiliência, que muita gente diz ser a mesma coisa, mas não é. A resiliência esteve – e está ainda – na onda porque é uma ideia interessante sobre como lidar com as dificuldades.
O que você verá neste artigo:
Resiliência e a volta à forma normal
Imaginemos uma mola. Quando você a estica, ela se transforma. Quando você a solta, ela volta ao estado no qual estava. Um pato de borracha é outro bom exemplo. Você pode apertá-lo, esticá-lo, deformá-lo, e ele continuará sendo o pato de borracha de sempre.
Isso é resiliência: sofrer deformações e voltar ao estado original, sem sofrer nenhum arranhão, risco, quebra, nem trinco. É uma qualidade excelente para determinados materiais que precisem passar por deformações e se manterem intactos. A vara utilizada no salto em vara é extremamente flexível e resiliente. Ela se dobra de tal forma que depois volta ao estado normal.
Em pessoas, até pouco tempo, essa era uma qualidade invejável. Afinal, passamos por adversidades o tempo todo, que podem nos afetar pouco ou muito. A perda do emprego, de uma pessoa querida ou o fim de um relacionamento mexem muito com nosso psicológico. Pessoas resilientes conseguem passar por essas adversidades e, depois de um tempo, estão de volta às atividades normais, sem nenhum arranhão. Isso pode parecer bom, mas não é.
Pessoas têm sentimentos
Os resilientes até podem se sentir tristes ou desanimados por um tempo, mas logo se recuperam do baque e voltam às suas atividades normais, como se nada tivesse acontecido. Mas aconteceu. E esses acontecimentos são marcos na vida das pessoas, e servem de lição para muitas coisas.
Um resiliente, ao voltar intacto da experiência ruim, não parece ter aproveitado o que ela quis ensinar. Provavelmente ele passará por algum acontecimento semelhante, e ele voltará igual ao que estava antes.
Essa característica serve para materiais, não para pessoas. Pessoas têm histórias de vida, aprendizagens, erros, acertos, lições entendidas. Assim, ser resiliente significa só aguentar as dificuldades, mas não aprender com elas. Aí entra o conceito da antifragilidade.
Antifragilidade e a evolução da resiliência
Uma pessoa que tenha essa característica é capaz de passar por um período de muito estresse na sua vida, e mesmo assim, tirar algo positivo. Exemplos não faltam. Perder um emprego, em vez de ser algo absolutamente negativo, te faz buscar oportunidades de melhorar sua qualificação profissional. Ou de estudar algo novo. Ou de empreender. E não de somente voltar a trabalhar no seu ramo, em outra empresa.
O fim de um relacionamento também afeta muito a gente. Ficamos tristes pelo término de algo que era parte da nossa vida, mas passamos a ver que há uma nova vida depois. Novos amigos, nova rotina, novas pessoas. E nos tornamos melhores.
No ambiente profissional, a antifragilidade tem sido um conceito bastante explorado. Um profissional que vive em um ambiente de muita pressão, em vez de se curvar e voltar ao normal, aproveita a oportunidade para se tornar ainda mais forte.
Ele sabe que os erros são grandes professores. Não que ele vá errar de propósito, mas, em vez de se esconder atrás deles, vai usá-los como aprendizado. Os sentimentos são importantes sim, e servem como lição.
A vida ensina a ser antifrágil
Observe o milho de pipoca. Ela precisa passar por uma grande transformação para se transformar na pipoca tão esperada nos cinemas. As ostras só fazem pérolas quando um grão de areia entra nas conchas. A pérola é o resultado de um processo de defesa. As ostras envolvem o grão de areia em uma espécie de muco, que endurece e isola a ameaça. E cria uma joia maravilhosa.
O DNA também pode ser considerado antifrágil. Ele pode sofrer mutações o tempo todo, e ele se adapta a elas. Usa em favor dele, quando a mutação é benéfica, e evolui a partir dessa transformação. É assim que desenvolvemos resistência a doenças – se bem que vírus e bactérias também se adaptam aos remédios e vacinas. Eles também são seres antifrágeis.
E é possível se tornar alguém antifrágil? Sim, há algumas dicas que ajudam as pessoas a admitirem riscos, e passar por problemas para saírem fortalecidas deles. Claro que são riscos calculados, afinal, o risco é aquela probabilidade de dar 50% certo e 50% errado. Vamos ver alguns deles adiante.
Como desenvolver a antifragilidade
Falávamos de risco há pouco tempo. É interessante sair da zona de conforto e arriscar-se em algumas atividades novas. Conhecer pessoas novas, frequentar lugares diferentes, experimentar novos alimentos, até fazer atividades novas ajuda. No ambiente de trabalho, pensar em novos processos para avaliar o quanto eles podem ser benéficos é uma opção. Se der certo, ótimo. Se não der, melhor ainda. Dá para tirar muitas lições disso tudo e partir para o próximo.
E esteja preparado para apanhar, e aqui não estamos falando no sentido físico. Apanhar é deixar a vida e a experiência profissional mostrar que o caminho não é esse. Não é fazer algo sabendo que vai dar errado, mas é tentar algo novo para ver um resultado diferente e melhor. O erro de hoje vai servir de lição para o acerto de amanhã. Talvez os líderes e superiores não gostem muito desses pequenos deslizes, mas vão entender que eles fazem parte do sucesso no futuro.
Aliás, esses erros fazem tanto parte do processo que eles mostram o que não fazer. E servem até para outros que queiram fazer algo parecido. Use a frustração como aprendizado para dar os próximos passos e ter bons resultados. Todo mundo ganha, e mais ainda, você, que aprende com tudo isso.
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