Pessoas com o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresentam dificuldades de comunicação, interação social e a compreensão do mundo ao redor. A terapia da Fonoaudiologia tem grandes resultados ao ajudar no desenvolvimento dessas habilidades. Embora os resultados sejam mais rápidos ao se iniciar na infância, adultos com TEA também se beneficiam.
Embora a TEA seja identificada por três sintomas principais, que são os comportamentos repetitivos, problemas para se comunicar e de interagir com outras pessoas, há graus diferentes de funcionalidade. Assim, há os que praticamente não falam ou interagem, os que têm um pouco mais de facilidade, e aqueles que apresentam os sintomas de forma mais leve.
A Fonoaudiologia tem uma grande participação no tratamento da comunicação no paciente autista. As terapias ajudam o paciente a vocalizar as palavras, identificar figuras e sílabas, e a conversar com outras pessoas. Mas, antes de prosseguirmos, vamos entender o que é o autismo.
O que você verá neste artigo:
A dificuldade na comunicação e interação
Falamos dessas características há pouco. São sinais mais comuns do TEA, além dos comportamentos repetitivos. A ciência não tem uma resposta para dizer o que causa o autismo, mas tem evidências de que ela tenha grande participação genética ou de fatores ambientais que podem promover mutações genéticas ainda na gravidez.
Os cientistas também estão estudando para saber como o autismo afeta o cérebro. Diferente de doenças como o Alzheimer, na qual células cerebrais morrem em uma velocidade muito grande, o TEA ainda não é visível por exames de imagem. Um estudo feito em pacientes com TEA nos Estados Unidos e divulgado em 2018 traz algumas pistas.
Nele, por meio de exames de ressonância magnética, os pesquisadores analisaram a atividade cerebral de autistas e não-autistas. Eles descobriram que as conexões entre os neurônios persistiam por mais tempo do que em pessoas não-autistas. Isso sugere que o cérebro de quem tem TEA tem mais dificuldade de alternar entre processos diferentes. Mas essa foi uma das várias pesquisas que são realizadas no mundo para identificar as causas e desenvolver novas terapias para ajudar a vida de quem tem TEA.
Como identificar o autismo?
Geralmente os pais percebem que seu filho tem comportamentos diferentes dos demais, e eles aparecem a partir do primeiro ano de vida. Sinais como choro constante, bebês que não olham para as mães, não têm muita vontade de falar ou aprender a falar são alguns indícios. Há outros, como repetição das palavras que ouve, movimentos repetitivos do corpo, resistência a mudanças na rotina.
Os pais podem procurar um pediatra para fazer o diagnóstico, e o tratamento é multidisciplinar. Entram psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Há casos de TEA que a criança tem muita dificuldade para se movimentar, e até para falar. As terapias são muito bem-vindas para trazer mais autonomia e qualidade de vida para os pacientes.
No caso da Fonoaudiologia, o paciente autista poderá desenvolver a comunicação verbal e entender a não verbal. Com isso, a interação com as pessoas tende a ficar mais intensa, visto que ele terá mais facilidade para se comunicar com os outros. E não se sentirá acuado ou com medo do novo.
Mas isso não significa que crianças mais velhas ou até adolescentes não se beneficiem das terapias da Fonoaudiologia. Embora seja melhor identificar a condição o quanto antes, pacientes mais velhos podem desenvolver a fala ou outras formas de comunicação com a orientação de um fonoaudiólogo.
Como a Fonoaudiologia trabalha?
O profissional precisa identificar quais são as necessidades do paciente. Assim, ele saberá dizer quando ele precisa de um tratamento mais intensivo para aprender a soletrar letras e sílabas, para formar palavras, ou ter mais contato com a linguagem para conseguir se comunicar.
Para isso, o fonoaudiólogo pode usar desenhos com palavras, para criar a associação entre elas e facilitar a comunicação. Massagens ou exercícios nos músculos da face, lábios e língua também são ótimos para desenvolver essa musculatura. Até músicas ajudam no aprendizado. O ritmo e a melodia funcionam como coadjuvantes na prática das letras e sílabas.
Mas cada caso é um caso. Há pacientes que não se comunicam verbalmente, mas podem desenvolver outras formas de linguagem. É o profissional de Fonoaudiologia que vai entender quais são as necessidades e entender como ele se expressa. O trabalho também é voltado para a família do portador de TEA. Eles recebem orientações de como conversar com o paciente, e estimulá-lo a praticar as terapias em casa.
Os benefícios da Fonoaudiologia no tratamento
Os pais vão perceber aos poucos o quão bem a terapia fonoaudiológica faz ao paciente. Ele começará a articular melhor as sílabas e palavras, e o incentivo dos familiares é fundamental para que ele continue praticando. Ao pronunciar palavras, ele conseguirá se expressar melhor e terá condições de entender o que as pessoas dizem, tanto na comunicação verbal quanto na não-verbal.
Outro aprendizado importante é saber o que e a hora de dizer algo. Por exemplo, quando dizer ‘bom dia’, ‘obrigado’, ‘com licença’ são frases que fazem muita diferença na vida dos portadores de TEA. Ao saber identificar quando dizer, o ganho psicológico é enorme.
Aos poucos, ele vai conseguir começar e manter uma conversa. Vai entender o que se diz, o que se pergunta, e terá condições de responder e de perguntar também. O cérebro dele estará em uma atividade intensa, e fazendo novas conexões o tempo todo. No processo, ele vai conseguir aceitar melhor a interação com outras pessoas, e se permitir ser tocado.
Como posso ser fonoaudiólogo?
O curso superior de Fonoaudiologia tem quatro anos de duração, e a grade curricular tem uma base muito ampla sobre como funciona a comunicação, quais são os distúrbios, e como tratá-los. Entram aulas de anatomia, fonética, genética, reabilitação oral, sistema nervoso, entre outras. Os estágios fazem parte da formação, e trazem o dia a dia da Fonoaudiologia para os graduandos.
O aluno pode atuar, assim que conclui o curso, em consultórios, clínicas e hospitais. E está apto a trabalhar na terapia com pacientes autistas. Há cursos de pós-graduação que especializam o profissional em determinadas áreas, e traz mais conhecimentos práticos. É um campo bastante recompensador para quem gosta de ajudar as pessoas e trazer mais autonomia para a vida delas.
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