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Conheça os pressupostos da Educação Profissional

A formação profissional não se trata apenas de preparar pessoas para o mercado de trabalho. Muito pelo contrário. Ela deve contribuir para a formação integral dos estudantes. Por isso, vamos falar agora sobre os pressupostos da Educação Profissional que todo estudante deve saber.

O professor Dante Henrique Moura produziu uma série de pesquisas sobre a educação básica e profissional. Segundo ele, é fundamental conferir ao ensino profissional brasileiro uma identidade que possa contribuir para a formação integral dos estudantes.

Moura defende uma formação voltada para a superação das desigualdades sociais a partir de uma série de pressupostos. Ou seja, que tanto permita o ingresso digno no mundo do trabalho quanto contribua de forma significativa para o prosseguimento dos estudos no nível superior.

Educação e transformação da realidade

O primeiro pressuposto da Educação Profissional diz respeito ao fato de as pessoas serem capazes de transformar a realidade. Isso acontece a partir da compreensão de que o ser humano é histórico-social. Ou seja, somos o reflexo do passado e da vida em sociedade.

Ou seja, a educação deve permitir que os estudantes sejam capazes de se produzir e se modificar na relação com os demais seres humanos.

Trabalho como princípio educativo

Outro pressuposto da Educação Profissional diz respeito ao trabalho. Estamos falando de uma prática pedagógica que reflete sobre o mundo do trabalho e as relações sociais. 

Ou seja, não se trata de “aprender trabalhando” ou do “trabalhar aprendendo”, mas de uma ação educativa.

Listamos abaixo o que é preciso compreender sob essa perspectiva:

  • É socialmente justo que todos trabalhem
  • O trabalho é um direito subjetivo de todos os cidadãos e uma obrigação coletiva
  • Não é justo que muitos trabalhem para que poucos enriqueçam enquanto outros se tornam cada vez mais pobres

Pesquisa como princípio educativo

A pesquisa é outro pressuposto fundamental para a Educação Profissional. Segundo Moura, ela contribui para a construção da autonomia intelectual e deve ser intrínseca ao ensino.

Em outras palavras, deve instigar o estudante e despertar a curiosidade sobre o mundo que o cerca. Consequentemente, deve formar alunos que questionem a realidade em vez de incorporar “pacotes fechados” de informações e saberes.

Além disso, a pesquisa pode ajudar no avanço do conhecimento com o objetivo de melhorar as condições da vida coletiva. Para isso, o estudante precisa adotar uma nova perspectiva educacional.

Não poderá ser apenas um depósito de conhecimento produzido e transmitido por outros.  Em vez disso, deve construir, desconstruir e reconstruir suas próprias convicções a respeito da ciência, da tecnologia, do mundo e da própria vida.

Realidade concreta e educação

A compreensão da realidade enquanto um conjunto de fatos que se relacionam é uma das perspectivas da Educação Profissional apontadas por Moura.

Justamente por isso, o currículo deve permitir ao estudante compreender o contexto em que está inserido. Afinal, apenas quem conhece a realidade pode interferir para atender aos interesses coletivos.

Interdisciplinaridade e educação

Podemos destacar ainda alguns princípios que devem compor o projeto pedagógico da Educação Profissional. Em primeiro lugar, podemos destacar a interdisciplinaridade. Ou seja, a interface entre os conhecimentos.

Ela permite um conhecimento mais global, pois considera que as disciplinas, individualmente, apresentam apenas o saber de forma parcial. Consequentemente, trata-se de um exercício coletivo e dinâmico que exige compromisso.

Contextualidade

Em segundo lugar, é preciso compreender que todo contexto significativo deve ser compreendido de forma contextualizada. Ou seja, que são produzidos e utilizados em contextos específicos.

Assim, ao contextualizar a aprendizagem, é possível tornar a aprendizagem significativa. Nesse sentido, a Educação Profissional deve considerar, acima de tudo, as seguintes perspectivas:

  • Prática social ampliada
  • Formação para o trabalho
  • Formação para a vida em sociedade
  • Socialização

Segundo Moura, portanto, a contextualização pode ser compreendida como uma estratégia de problematização das condições sociais, históricas, econômicas e políticas. Dessa forma, o conteúdo ganha sentido.

De modo geral, a necessidade da contextualização do ensino surgiu justamente para contrapor o ensino tradicional.  Estamos falando de uma educação formal em que os conteúdos se apresentavam de forma isolada, apartada de seus contextos. Ou seja, um ensino em que o conhecimento era transmitido ao aluno como já pronto e organizado, como se fosse uma verdade acabada .

Em 2011, os pesquisadores Danilo Seithi Kato e Clarice Sumi Kawasaki trataram sobre o assunto no artigo As concepções de contextualização do ensino em documentos curriculares oficiais e de professores de ciências.

Segundo eles, na perspectiva tradicional de ensino, os currículos escolares tornam-se inadequados à realidade em que estão inseridos. Isso aconteceria porque estão centrados em conteúdos muito formais e distantes da realidade dos alunos, sem fazer qualquer ponte entre o que se aprende na escola e o que se vivencia no cotidiano.

Por outro lado, a contextualização se propõe justamente ao caminho inverso. Ela situa e relaciona os conteúdos escolares aos diferentes contextos em que são produzidos e utilizados.

Flexibilidade

Por fim, podemos destacar a flexibilidade enquanto postura aberta às mudanças.  Trata-se de uma compreensão das mudanças como algo inerente à natureza da matéria. Ou seja, o entendimento de que mudar faz parte da própria dinâmica que organiza a vida. 

Por isso mesmo, está baseada no diálogo e em uma visão não-linear em que o erro é compreendido como parte do processo de aprendizagem. Consequentemente, a flexibilidade se faz presente em contextos em que o aluno tem acesso a diferentes perspectivas.

Flexibilidade no contexto da pandemia

Aliás, a flexibilidade se tornou um assunto relevante dentro das estratégias educacionais da atualidade.

Isso aconteceu, principalmente, em razão dos novos contornos no contexto da pandemia do novo coronavírus, com o ambiente das aulas remotas ou mesmo no sistema híbrido. Esse assunto foi abordado por Maria Lígia Pagenotto, em O desafio da flexibilização curricular.

Trata-se da compreensão de que a flexibilização está relacionada à necessidade de se adaptar a prática educativa ao contexto. Ela considera, portanto, os novos espaços, os tempos atuais, as realidades de cada estudante e as estratégias necessárias para garantir a aprendizagem.

Espaço para a diversidade

Além disso, no contexto de um currículo flexível deve, necessariamente, haver espaço para a diversidade. Isso, de modo geral, não combinaria com uma estrutura rígida e conservadora. 

O plano pedagógico precisa, portanto, apoiar o diálogo, a troca de ideias, o debate construtivo e as transformações.  Mas atenção! Flexibilizar não é o mesmo que se adaptar. Clique aqui e entenda a diferença.

Para Luiz Miguel Garcia, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, falar em flexibilização curricular é falar de uma ação pedagógica honesta e da busca de ferramentas para fazer educação de verdade.

Quer saber mais? Aprenda também sobre a importância da criatividade no ensino superior.

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