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Médico do Exército: saiba como seguir essa carreira

A carreira de um médico pode seguir pelos mais variados caminhos e especializações. Uma das menos lembradas é a carreira militar. Comumente associada apenas aos homens jovens, devido ao alistamento obrigatório, pode ser uma excelente opção para esses profissionais. Nesse artigo, vamos falar mais especificamente sobre o médico do Exército.

O que significa ser um médico do exército?

O médico das Forças Armadas faz parte do corpo de Saúde de cada poder militar. Esse corpo é formado por um conjunto de profissionais, entre eles enfermeiros, fisioterapeutas, odontologistas, farmacêuticos, psicólogos e até veterinários.

Esses médicos são profissionais à serviço do Estado, atendendo os membros das forças armadas ou a população em missões especiais. Atuam em hospitais, ambulatórios e clínicas que atendem exclusivamente à oficiais e seus familiares ou dentro dos próprios batalhões.

Principais atividades

O médico do Exército possui um cargo de grande responsabilidade e pode ser requisitado para atuar em situação muito complexas. Abaixo, temos alguns exemplos:

–  tratar de ferido em combate;

– auxiliar em acampamentos em lugares inóspitos;

– resgate e socorro de sobreviventes em catástrofes naturais ou não;

– atendimento médico em locais de difícil acesso;

– ajuda humanitária em missões médico-sanitárias internacionais;

– avaliação física de membros do batalhão e ingressantes;

– tarefas administrativas e de gestão da área de Saúde.

Agora que você conhece um pouco mais sobre esse profissional, vamos te dar o passo a passo de como se tornar um Médico do Exército.

Primeiro passo: a faculdade de Medicina

Pode parecer meio óbvio, mas é importante explicar esse ponto. Muitas pessoas acham que as Forças Armadas possuem uma faculdade específica para a formação de seus médicos. A verdade é que é preciso fazer uma faculdade convencional para poder se candidatar ao cargo nas Forças Armadas.

Para saber mais sobre o vestibular de Medicina, recomendamos o artigo “Porque Medicina é um curso tão concorrido?”.

Primeiro caminho: o alistamento militar

Quando estão prestes a se formar, muitos estudantes de medicina recebem nas faculdades a visita de representantes das Forças Armadas. Um formulário é disponibilizado nessas ocasiões e deve ser preenchido obrigatoriamente pelos homens e opcionalmente pelas mulheres. Depois, caso haja necessidade, após a sua formação, esses profissionais podem ser convocados para serviço. Não é comum que pessoas não interessadas sejam convocadas – o número de voluntários geralmente é suficiente.

Segundo caminho: oficiais temporários

Periodicamente, as Forças Armadas lançam editais para oficiais temporários. O prazo de serviço é de 1 a 8 anos e o alistamento é voluntário. Para se candidatar, é preciso ser brasileiro, ter no mínimo 1,60m (homens) / 1,55m (mulheres) e ter até 38 anos.

Terceiro caminho: Escola de Saúde do Exército (EsSEx)

A Escola de Saúde do Exército fica localizada no Rio de Janeiro e tem o objetivo de formar oficiais da área médica. O ingresso é feito através de concurso público e o curso tem duração de 9 meses. Caso você tenha gostado da ideia, saiba que a concorrência é bem grande. Vamos usar o edital de 2021 como exemplo. Foram ao todo apenas 122 vagas, sendo que para médicos sem especialidade foram destinadas 20 vagas. Para os médicos especialistas, a média era de 2 a 5 vagas por especialidade.

A seguir, vamos falar um pouco mais sobre o concurso. Ele é dividido em 3 fases, todas eliminatórias.

Fase 1: Exame Intelectual

Prova de conhecimentos específicos. Também pode haver uma prova de títulos, caso a vaga seja para alguma especialidade. São ao todo 50 questões objetivas, divididas da seguinte forma:

Clínica Médica ― 20 questões, total de 4 pontos;

Ginecologia/Obstetrícia ― 10 questões, total de 2 pontos;

Pediatria ― 10 questões, total de 2 pontos;

Cirurgia Geral ― 10 questões, total de 2 pontos.

Fase 2: Exames físicos

Apenas os aprovados no exame intelectual passam para essa fase. Os exames físicos incluem várias etapas, que são:

– inspeção de saúde – apresentação de uma séria de exames, incluindo teste ergométrico, audiometria, sorologia para sífilis e HVI, exame de gravidez, exame de fezes e urina, entre muitos outros);

– exame de aptidão física – corrida durante 12 minutos (2.350 metros ― masculino; 2.000 metros ― feminino); flexões de braço sobre o solo (19 repetições ― masculino; 10 repetições ― feminino); abdominal supra (30 repetições ― masculino; 27 ― feminino);

– avaliação psicológica – dividido em duas fases. Na primeira, o exame intelectivo, avalia as aptidões e habilidades mentais. Na segunda fase, o exame personalógico avalia as características de personalidade e motivacionais do candidato;

– revisão médica com comprovação dos requisitos para matrícula.

Fase 3: admissão

Após todas essas etapas, o candidato apto é admitido no curso. Após a conclusão, recebe o posto de Primeiro-Tenente do Serviço de Saúde do Exército. É importante ressaltar que caso o médico seja de fora do estado do Rio de Janeiro, o Exército oferece alojamentos.

Vantagens de ser médico do Exército

Como em todas as profissões e cargos, esse também possui vantagens e desvantagens. Vamos começar com as principais vantagens de assumir esse desafio.

Estabilidade

Um médico do Exército só é demitido se cometer crime militar. Além disso, o soldo (como é chamado o salário) é pago sempre em dia. Outra grande vantagem é que, com o plano de carreira militar, é fácil prospectar valores vários anos à frente.

Benefícios

Apesar dos salários serem abaixo do mercado, o médico do Exército conta com inúmeros benefícios. São eles:

– Aposentadoria integral e em menor tempo que as demais profissões;

– 13º salário;

– férias;

– adicional de férias;

– soldo extra para o nascimento de cada filho;

– adicional por mérito (pós-graduação, cursos);

– auxílio fardamento;

– moradia subsidiada;

– facilidade para escola pública de qualidade (colégios militares);

– plano de saúde.

Hierarquia e Disciplina

Os militares são reconhecidos por sua alta disciplina e respeito às patentes. No começo, isso pode causar certo receio, mas costumam gerar, com o tempo, ambientes de trabalho mais organizados e funcionais.

Desvantagens na carreira do médico do Exército

Como nem tudo são flores e é sempre bom pesar bem as nossas decisões, trazemos agora algumas desvantagens dessa carreira.

Remuneração

A média salarial de um médico do Exército costuma ser mais baixa do que a do mercado de trabalho de forma geral. As patentes de entrada têm soldo base de R$5.622,00, podendo as patentes mais altas chegarem a R$10.041,00. Ambos os valores estão abaixo da média de mercado. Porém, é preciso pesar o fator da estabilidade que listamos nas vantagens anteriores.

Carga Horária

Na teoria, você será um médico do Exército 24h por dia, 7 dias por semana. Isso porque você deve ter disponibilidade total, podendo ser chamado a qualquer hora. Mas não se preocupe: na prática, as coisas funcionam de forma diferente. A carga horária varia de acordo com o local de trabalho. Nos batalhões o período de trabalho vai das 7h às 17h. Já hospitais e clínicas costumam adotar o meio expediente, com plantão noturno e aos finais de semana.

Transferências

As transferências são mais comuns para os médicos do Exército do que para os da Marinha ou Aeronáutica. Se esse é um fator determinante para você, é preciso pensar bem antes de assumir esse cargo. Muitas vezes, a promoção para cargos mais altos depende dessas transferências e nem todos estão dispostos a fazê-las.

Exercer outras atividades

À medida em que é promovido, é comum que o médico do Exército assuma cargos de chefia. Isso pode afastá-lo da medicina de forma prática. É raro que altas patentes lidem com atendimentos em consultórios e cirurgias, por exemplo. O mais comum é que comecem a trabalhar com gerenciamento, papeis e relatórios. É claro que, dependendo das suas aspirações profissionais, isso também pode ser uma vantagem.

Agora que você conhece mais sobre a carreira de médico do Exército, topa aceitar esse desafio? Veja também qual a diferença entre interno e residente de Medicina.

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