Campo que estuda as estruturas de convívio social, a ciência política pode ser fascinantes. É tema de mesa de bar e telejornal, e tem se tornado cada vez mais presente no dia a dia do brasileiro. Muita gente conversa corriqueiramente sobre política, além de expor opiniões ou mesmo discutir com um conhecido. Mas isso não é o mesmo que estudar a política, ler sobre suas bases e teorias e colocar seus conhecimentos em prática.
Para isso, é necessário aprofundar-se no campo de estudo da Ciência Política, que faz parte do curso de graduação em Ciências Sociais, ao lado de áreas como a Antropologia e à Sociologia. Diferentemente das outras vertentes de estudo do ser humano e das suas organizações e relações sociais, a área política é focada nas regras de convívio entre as pessoas que vivem em agrupamentos.
Essas regras envolvem estruturas que são tão comuns e estão tão presentes no nosso dia a dia, que consideramos normais. Quem já parou pra pensar, por exemplo, em sociedades sem Estado, governo, ou até Igreja? Todas essas entidades envolvem dinâmicas de poder e, portanto, são objeto de estudo das Ciências Políticas.
E é esse recorte que difere a Ciência Política dos outros campos das Ciências Sociais. A Antropologia, por exemplo, busca entender o ser humano em sua totalidade, e considera âmbitos mais culturais, enquanto a Sociologia dedica-se a investigar a sociedade e suas relações humanas.
O aluno de Ciências Sociais, no entanto, tem contato com disciplinas de diversas vertentes, o que pode ajudá-lo a compreender melhor a sociedade em que está inserido, sob diversas perspectivas.
O que você verá neste artigo:
Mas, afinal, o que faz o cientista político?
O profissional da Ciência Política é aquele que se dedica a estudar profundamente a estrutura de organização social e as relações de poder presentes em uma sociedade. É ele quem busca entender o meio político, que envolve governos, sindicatos, igrejas e associações. Por seus conhecimentos específicos, como teorias e práticas políticas, estruturas de poder, processos políticos e o desenvolvimento de sistemas governamentais, é procurado para diversos trabalhos.
Entre eles está, claro, a carreira de docente. Ele pode atuar no Ensino Básico, como professor de Ciências Sociais para estudantes de Ensino Médio, ou na universidade. Nesse caso, o profissional tem como objetivo compartilhar seus conhecimentos, além de despertar senso crítico e um olhar diferenciado sobre as estruturas políticas em seus alunos.
Mas o cientista político também é procurado por entidades do terceiro setor, como organizações, instituições e ONGs. Ali, seu trabalho é mais voltado para a análise de sistemas e instituições e para o funcionamento de políticas públicas. O profissional pode, ainda, analisar o comportamento político de um segmento social em determinado contexto.
Pesquisas
Na Sociologia, os cientistas políticos podem ainda trabalhar com pesquisas. Elas focam em setores da sociedade e na observação de transformações sociais. Há, no entanto, outro tipo de estudo, que envolve a pesquisa de opinião e o comportamento das pessoas frente a algum acontecimento ou ocasião política ou social.
Por fim, alguns cientistas políticos trabalham com pesquisa acadêmica. Para isso, estão em constante atualização teórica sobre seus conhecimentos em relação à política e às formas de organização social. Alguns lecionam no ambiente universitário; outros, não. O certo é que o pesquisador de Ciência Política lê, participa de eventos acadêmicos como congressos e simpósios e escreve artigos, ensaios ou até livros. Pode, ainda, conciliar essa escrita com a redação para veículos de comunicação. É o caminho de quem atua como articulista de algum jornal e comunica-se com o público mais geral.
Qual é a importância da Ciência Política?
Já sabemos que a Ciência Política é uma área do conhecimento que permite que o pesquisador se debruce sobre os mecanismos de poder da sociedade. E essa atividade é fundamental para que possamos como cidadãos atuar de forma autônoma e consciente sobre essas estruturas.
Esse serviço, de análise social, é muitas vezes prestado a instituições e a partidos políticos, com fins eleitorais. Mas pode gerar uma verdadeira mudança social se utilizada como forma de democratização, isso se tal conhecimento alcançar mais pessoas.
Afinal, como cidadãos, é fundamental sabermos como nossa sociedade funciona e como é organizada por quem a compõe. É essencial que pessoas comuns conheçam seus direitos e deveres, porque eles foram definidos assim e quem o fez. E é importante entender que tudo isso é passível de mudança. Ter conhecimento sobre os abusos de poder aplicados todos os dias nos ajudam a criar coletivamente mecanismos para evitá-los.
A Ciência Política está no dia a dia
O ser humano é um ser político. Por isso, a sua vida em sociedade – e tudo relacionado a ela – é também fruto de disputas políticas. E às vezes nem nos damos conta disso. O preço do pão, do aluguel, e até a qualidade da escola que frequentamos. Tudo isso é política.
Está nas pequenas coisas do dia a dia e, portanto, arraigada na vida em sociedade. É por esse motivo que os assuntos políticos não podem ser ignorados pois dizem respeito diretamente ao modo como vivemos. Os temas políticos são temas sociais, como nos lembra o sociólogo Abelardo Montenegro no artigo A importância da Ciência Política: “[A Ciência Política] não surge do nada, nem cai do céu por descuido. Rebenta da sociedade humana e recebe a coloração das classes em que se divide essa sociedade.”
Por isso, é importante que tenhamos contato com esse campo do conhecimento desde cedo, como defende o educador Antônio Carneiro Leão: “Se a Escola continua a descurar os fatos sociais, a não esclarecer a juventude sobre os problemas correntes, iremos ver demagogos e aventureiros audazes procurarem interpretá-los a seu talante, confundindo tudo, envenenando a opinião pública para dominarem“.
Assim, a Ciência Política, em especial quando ensinada em ambientes educativos, tem uma potencialidade transformadora. Ela abre os olhos para o conhecimento e a leitura crítica do mundo real. Ao mesmo tempo, supera atividades como o ativismo e militância: propõe reflexões profundas e complexas que superam as fáceis respostas entre o preto e o branco.
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