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Tudo o que você precisa saber sobre CST em Gestão Portuária

Lidar com o controle dos navios que circulam no porto, as cargas, o controle aduaneiro: essas são algumas das responsabilidades do profissional de Gestão Portuária

O dia a dia de um porto é bastante agitado. Vendo de cima, o entra e sai de navios e barcos é constante. Mas nem só de embarque e desembarque é feita a rotina da Gestão Portuária. O profissional lida com documentação, legislação, funcionários e manobras dos navios, entre outros assuntos.

É um campo de trabalho que tem se tornado mais amplo, visto que o transporte de navios vem crescendo nos últimos anos. Além disso, os terminais portuários passam por um processo de modernização cada vez maior. Isso implica na expansão das áreas de trabalho, uso de novos equipamentos e tecnologias.

Antes de saber do que o curso de Gestão Portuária trata, é importante conhecer a rotina, os termos e como funciona um porto. Isso faz a diferença na hora de lidar com a legislação, condições climáticas, equipamentos e tecnologias portuárias.

Terminais portuários e o contato com o exterior

Portos são como portas de entrada para outros países. É uma das atividades comerciais mais antigas, afinal, os povos da antiguidade já trocavam mercadorias entre si. O navio era justamente um meio de transporte que levava grandes quantidades de carga.

Nem só de cargas vivem os portos. Viajar longas distâncias por mar e rios era atribuição dos navios. Foi por meio deles que o continente americano e a Oceania entraram no mapa e foram descobertos pelos europeus. Povo este que já viajava muito, levando e trazendo pessoas e mercadorias.

Sendo assim, o trabalho nos portos sempre foi importante para a economia de um país. E, com o tempo, esse papel vem se tornando ainda mais essencial. São os navios cargueiros que, hoje, transportam quantidades colossais de contêineres, com bens e mercadorias do mundo todo. É aí que entra o papel do profissional de Gestão Portuária.

Como começa a viagem de um navio internacional

Depende muito de qual país ele sai, se é um navio de empresa privada ou pública. Mas, via de regra, há uma programação (que pode ser diária, semanal ou mensal) da partida de navios para outros países. Ele é carregado na origem, e o comandante faz sua rota levando em consideração condições marítimas e de clima. Isso ajuda a ter uma previsão de chegada ao destino.

Vamos pensar nos grandes navios que vêm do exterior. Não é chegar e estacionar a embarcação: há uma rotina e protocolos que precisam ser seguidos. Embora o porto já esteja esperando o navio chegar, o controle entra em contato com o terminal portuário para verificar em que local pode atracar. O horário também precisa ser agendado, para não haver congestionamento de embarcações.

Uma vez orientado sobre o local, entra em cena o prático, que é quem vai guiar o comandante do navio na hora de estacionar. Esse profissional conhece todo o entorno do porto, a parte geográfica, climática e espaço para atracação.

Como funciona o trabalho do prático

Ele é um profissional que tem formação na Marinha Brasileira, e deve embarcar no navio ainda antes de estacionar no porto. O profissional em Gestão Portuária deve conhecer as escalas de chegadas e partidas das embarcações, para orientar e controlar o fluxo de navios na região.

Uma vez destacado, o prático entra no navio que está chegando e orienta o comandante e a tripulação sobre a geografia do local. Essa informação é importante, visto que há navios de diferentes tamanhos. Assim, dependendo do tipo de barco, há locais específicos para atracá-lo. Isso evita acidentes, como o de bloquear a passagem por um canal, ou atolar o próprio navio em bancos de areia ou em locais com pouca profundidade.

O prático também conhece as condições climáticas, geológicas e geográficas do local. Assim, velocidade do vento, tipo de via marítima ou fluvial, os riscos da região, por exemplo, ficam por conta do seu conhecimento. Desta forma, ele consegue calcular quantos operadores portuários serão necessários para auxiliar no atracamento do navio, bem como as manobras necessárias.

A Gestão Portuária na chegada dos navios

Depois de verificar toda a documentação da carga, chega a hora de desembarcar os contêineres. Funcionários no estaleiro já ficam aguardando as informações para retirá-los de dentro do navio, bem como para onde serão levados.

Portos costumam ter três tipos de terminais. O de contêineres funciona como um ponto de conexão. Para lá são levadas essas grandes embalagens, que podem ser transportadas por caminhões, trens ou outros navios. Elas podem conter cargas de todos os tipos: secas, líquidas e em grãos, e que serão, mais tarde, levadas a outros locais.

Os terminais graneleiros cuidam das cargas sólidas, como grãos, por exemplo, e eles descarregam essa carga e a levam para silos, armazéns ou outras formas de transporte. Já os de granéis líquidos se responsabilizam por cargas líquidas, que precisam de um manuseio especial no seu transporte.

Como funciona a entrada dos produtos no Brasil

Mercadorias que chegam do exterior têm um tratamento especial. Antes de começarem seu trajeto dentro do país, elas ficam em um local delimitado. Essa área é restrita, e o acesso não é aberto a todos, somente funcionários do porto e aos auditores fiscais da Receita Federal. São eles quem verificam a carga, se a documentação está de acordo e se há alguma restrição quanto ao transporte.

Uma vez que essa documentação está OK, a carga segue para outro ponto dentro do porto. Ela já pode ser embarcada em outros navios, ou geralmente é levada por caminhões. Já há uma logística toda dentro do porto para que essas mercadorias sigam por um caminho otimizado. Ou seja, conteúdos que forem para locais próximos seguem por uma rota, para agilizar a entrega.

Como acontece o processo de exportação

O profissional em Gestão Portuária está atento à movimentação do terminal de entrada e saída de navios, caminhões, pessoas e demais meios de transporte. O processo de exportação é o inverso do de importação.

Os caminhões entram no porto, passam pela fiscalização sanitária (se for necessário), aduaneira, e estacionam em locais específicos. A documentação da carga é verificada pelos auditores da Receita Federal antes de sair do país.

Equipamentos levam os contêineres aos pontos de embarque, de onde serão transportados para os navios. O prático orienta o comandante e a tripulação para conduzir a embarcação até um ponto determinado da costa brasileira. Uma vez que o tráfego esteja seguro, o prático volta ao porto, e o navio segue seu destino.

A estrutura física de um porto

Como lida com navios e barcos de todos os tipos e tamanhos, o porto precisa ter um projeto de construção bem definido. Assim, há locais específicos para atracação das embarcações, prédios administrativos, armazenamento de contêineres, entre outros. O profissional de Gestão Portuária precisa ter um panorama de como é essa área toda, para saber como gerenciar suas várias partes.

Um dos pontos que devem ser considerados na construção é definir os locais em que os navios ficarão atracados. A profundidade da orla marítima, dos rios ou lagos entra no planejamento. Esse local precisará ser adaptado para recepcionar as embarcações, bem como a construção de estruturas para que eles estacionem.

Terminais portuários são subdivisões dentro dos portos. Eles são especializados em determinadas cargas ou navios. As plataformas têm o maquinário necessário para embarcar e desembarcar as cargas. São guindastes, empilhadeiras e tubulações, por exemplo.

Temos também os prédios que comportam a estrutura administrativa, bem como os locais de armazenamento dos contêineres, silos e estocagem dos produtos. Há as áreas de manobra dos caminhões, e a ligação do porto com rodovias, estações de trem ou demais vias de acesso.

Tipos de navios

Portos devem ser preparados para receber vários tipos de embarcações. O profissional em Gestão Portuária deve conhecê-los, bem como os locais em que devem atracar. Um deles é o navio de carga, responsável por grande parte da movimentação nos portos brasileiros. Eles têm grandes dimensões, e levam centenas de contêineres.

Há os navios-tanque, que levam combustível entre países ou de plataformas petrolíferas até o continente. Os que são refrigerados transportam cargas perecíveis, como carnes e produtos de origem animal. Outro tipo de navio é o de guerra, que carrega armamentos e até aviões, como os porta-aviões.

O transporte de pessoas por via marítima era muito mais comum do que hoje. Com o advento do avião e dos veículos rodoviários, essa forma de viagem não é tão utilizada. Temos, claro, a exceção das embarcações que levam passageiros de um ponto a outro. São locais como os rios da região amazônica, que ligam povoados e cidades entre si, além de ilhas fluviais e marítimas.

Hoje, esse papel de levar passageiros entre países cabe aos transatlânticos, que funcionam como verdadeiros roteiros turísticos. Tais embarcações são enormes, com estruturas de resorts. Há passeios de alguns dias, e também alguns que podem levar até meses.

Por mar, rio ou lago: as formas de transporte

Quando pensamos em portos, nos vêm à cabeça grandes estruturas nas praias. O porto de Santos, o maior da América Latina, talvez seja nosso maior exemplo, mas não é o único. Ele é um complexo portuário com vários terminais independentes, que recebem cargas de todos os tipos. De lá também saem os transatlânticos turísticos.

Mas nem só de portos marítimos é feita a Gestão Portuária. Há os portos fluviais, que se localizam em rios. O de Manaus é um deles, e é considerado o maior porto flutuante do mundo. É a principal porta de entrada para o estado do Amazonas, e está em uma das margens do rio Negro.

Há também os portos lacustres, que ficam nas margens de lagos e lagoas. No Brasil não há muitos destes, e o que mais se destaca é o que fica na Lagoa dos Patos, em Porto Alegre. Já em outros países esse tipo de navegação tem mais importância.

A navegação de cabotagem

O termo é diferente, mas ele tem um significado simples. É a navegação entre portos do mesmo país, que funcionam como se fossem estações de trem. Assim, um navio pode fazer paradas para descarregar e carregar mercadorias.

No Brasil, ela funciona principalmente entre portos marítimos, e não é para menos. O litoral brasileiro tem mais de 8 mil quilômetros de extensão. Assim, fazer o transporte entre portos é um grande negócio, que vem crescendo bastante nos últimos anos.

A navegação de cabotagem tem a grande vantagem de ter um frete muito menor do que o rodoviário ou o aéreo, assim com o transporte marítimo entre países. Embora o tempo seja maior no trajeto entre portos, o custo-benefício, em muitos casos, é bastante recompensador.

O glossário da Gestão Portuária

Importante saber o vocabulário específico da navegação, para que o gestor possa entender a comunicação entre portos e embarcações. A proa é a parte da frente, a popa é a traseira. O lado esquerdo se chama estibordo, e o direito, bombordo.

O convés funciona como se fosse o andar de um prédio. Geralmente grandes navios possuem vários conveses, e transatlânticos são quase como edifícios flutuantes. Dentro do convés há os camarotes, que são como se fossem os cômodos de uma casa. Temos também a sala das máquinas, local em que ficam os motores que levam o navio. Na proa, vem a bandeira do país ao qual pertence a embarcação. É lá também que vem o nome do navio, na maior parte das vezes. Na popa pode vir o seu número de identificação.

Os portos têm navios especiais, chamados de rebocadores, chamados de tug ou tugboat. Eles são potentes, e se ligam às embarcações que chegam ou saem para guiá-las dentro da área do porto. Há casos de vários rebocadores trabalharem em conjunto para orientar grandes navios.

A Gestão Portuária e a organização do trabalho

Essa é uma parte do conhecimento que o aluno do CST em Gestão Portuária tem ao fazer seu curso. É devido a essa formação especializada que os portos brasileiros estão passando por um processo de modernização.

Falando nisso, esse processo é um capítulo à parte. Como alguns terminais portuários estão sendo concedidos à iniciativa privada, há uma mudança na forma de administrar as instalações. Isso implica em uso de novos equipamentos, expansão das atividades e redesenho de áreas de embarque, desembarque e estacionamento, entre outros.

Outro fator que vem contribuindo para a profissionalização da Gestão Portuária é o aumento no fluxo de carga. O comércio internacional tem crescido nos últimos anos, principalmente as compras feitas pela internet. O valor do frete de navio é muito menor que o feito via avião ou rodoviário. Embora leve mais tempo no transporte, dependendo da carga, é mais vantajoso.

O curso de Gestão Portuária

Sendo assim, cresce a necessidade de se ter especialistas na área. O CST tem dois anos de duração, e é oferecido em esquema de curso superior tecnológico. Ele traz disciplinas que lidam diretamente com o dia a dia do trabalho.

A Logística faz parte da grade curricular, e não é para menos. Gerenciar as embarcações e demais veículos de suporte faz parte da rotina. Noções de Administração também, visto que o gestor deve gerenciar a estrutura portuária. Conhecer os equipamentos, estruturas dos navios e a gestão de portos entram na lista.

Legislação Aduaneira faz parte também do curso. O profissional em Gestão Portuária deve conhecer as leis que regem a entrada e saída de produtos do Brasil, as taxas a pagar, a rotina de fiscalização, e o que fazer em caso de descumprimento das regras. Há o Direito de Navegação, que traz as normas para tráfego em alto-mar, sinalizações e demais regulamentos internacionais.

Além disso, conhecimentos de Gestão de Pessoas entram na lista. Portos têm um grande fluxo de funcionários, e cabe ao gestor cuidar de quem faz o quê. Aulas de Matemática, Planejamento Estratégico, Plano de Negócios, Economia e Tecnologias Portuárias mantêm o aluno atualizado com o que acontece no mercado dos portos.

Mercado de trabalho

O profissional de Gestão Portuária pode atuar como diretor-geral de um porto ou terminal portuário. Ele precisa ter um panorama do funcionamento de todas as instalações, desde a chegada dos navios até o transporte dos funcionários.

Como o porto é dividido em seções ou departamentos, cada um deles tem um responsável no gerenciamento. Esses postos-chave também podem ser ocupados por profissionais em Gestão Portuária. Aliás, depois de formado, o aluno pode se especializar em determinados ramos nesse campo.

Assim, ele pode trabalhar diretamente na logística de embarque e desembarque de navios. Pode atuar no gerenciamento das cargas, posicionamento dos contêineres e transporte entre o porto e demais vias de acesso. Pode também trabalhar na gestão de Recursos Humanos, visto que há uma grande quantidade de trabalhadores nesta área. Ainda mais que portos funcionam 24h, todos os dias da semana.

Outros locais de trabalho de gestores portuários são em empresas de comércio exterior e logística. Há os estaleiros, local em que se constroem ou reformam navios. Ele também pode atuar na área militar, como na Marinha de Guerra.

Do que precisa para ser um profissional de Gestão Portuária

O especialista deve ser curioso e procurar conhecimento nas várias áreas que englobam a Gestão Portuária. Saber da Legislação Aduaneira é uma parte do processo. Mas conhecer a geografia dos portos faz toda a diferença. Assim, ele pode atuar, depois que se formar, na parte logística dos navios.

Outro ponto interessante é se informar sobre meio ambiente. Portos e terminais portuários mudam bastante o ambiente ao redor. Dessa forma, ao planejar novas instalações ou reformas em um porto, ele deve se atentar às alterações da fauna e flora ao redor. Cuidar da poluição também é sua responsabilidade. Saber das normas ambientais evita acidentes de derramamento de óleo e combustível no mar ou rio, por exemplo.

Não precisa ter conhecimentos de engenharia naval ou civil, mas ter noções de construção e infraestrutura traz mais segurança ao profissional de Gestão Portuária. Ele saberá conversar com especialistas dessas áreas, para poder implementar melhorias ou fazer reformas.

Portanto, se você gosta do ritmo do mar ou dos rios, e quer fazer a diferença no comércio e transporte, o curso de Gestão Portuária é o ideal. E se você tem uma queda por estudos climáticos e geográficos, esse ramo de trabalho ainda se faz mais interessante. Ele traz um conhecimento amplo da logística, dia a dia e ciclos marítimos ou fluviais. Visite portos para ver na prática como funcionam e aproveite o curso!

Não vá embora ainda. Veja também um pouco mais sobre o curso de Gestão Ambiental.

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