Vamos começar esse artigo falando sobre algo que está impactando nossas vidas, quer queiramos, quer não. Certamente, não há mais dúvidas de que a inteligência artificial (IA) chegou para ficar. O que poucas pessoas sabem ao certo são quais os reais perigos e vantagens da utilização da inteligência artificial no ensino superior.
O assunto não é novo. Em 2019, quando o Wall Street Journal publicou o artigo Colleges Mine Data on Their Applicants o mundo presenciava um cenário diferente.
Naquela ocasião, nós não imaginávamos que uma pandemia mundial ainda empurraria o ensino superior para a utilização em larga escala das novas tecnologias. Naquele momento, Douglas Belkin escreveu como algumas faculdades americanas estavam usando a inteligência artificial.
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O que você verá neste artigo:
Conheça as universidades que utilizam a IA
As faculdades Boston University, Seton Hall University, a Quinnipiac University e o Dickinson College foram algumas das instituições de ensino citadas por Douglas Belkin.
Essas faculdades, de acordo com o jornalista, estariam utilizando a inteligência artificial como ferramentas a seu próprio favor. Aliás, Douglas Belkin é um jornalista da editoria de Educação Superior e Notícias Nacionais da filial de Chicago do The Wall Street Journal.
Segundo Belkin, o aprendizado de máquina – apenas outro nome para I.A. – vem sendo adotado por essas universidades para inferir o nível de interesse dos futuros alunos. O que poderia ser uma vantagem e tanto para os negócios na área de educação, não é mesmo?
Para que não reste nenhuma dúvida, listamos abaixo algumas das formas como essa tecnologia pode ser útil a instituições de ensino superior.
- Saber exatamente quando seu público-alvo abre um e-mail enviado;
- Conhecer quanto tempo os futuros alunos levam lendo uma mensagem;
- Conferir se os links enviados foram ou não lidos;
- Checar se os alunos em potencial confirmaram presença online em um evento – e depois os que não compareceram.
Dificuldades da tecnologia no Brasil
No Brasil a realidade é bem diferente. As universidades públicas e privadas brasileiras ainda carecem de uma infraestrutura adequada. O número de alunos com acesso à internet ainda é baixo, e muitos alunos sequer possuem equipamentos para acessar o estudo remoto.
Apesar disso, há indícios de que a Covid-19 acabou acelerando o processo de transformação digital. A quantidade de aulas, videoconferências e tele trabalho aumentaram significativamente.
Por outro lado, aulas remotas são vantajosas a alunos que antes não tinham acesso ao ensino. É o caso de alunos acamados, mulheres no puerpério ou moradores de regiões geograficamente distantes dos grandes centros.
A tecnologia e seus impactos
Com isso, queremos dizer que o Brasil experimenta o começo das transformações digitais no ensino superior. Universidades como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, já trabalham na construção de um repositório de aulas. Segundo Sandro Valentini, em depoimento concedido a Fabrício Marques em 2020, a transformação digital das universidades foi acelerada e não há retorno.
No Brasil, a inovação na área começou a dar os primeiros passos, mas esbarra em obstáculos. Em 2020, instituições de ensino começaram a utilizar a Learning Tools Interoperability (LTI), uma tecnologia adotada por grandes provedores da área. A iniciativa, porém, não foi bem sucedida.
Isso aconteceu, principalmente, porque os estudantes entenderam que suas provas estavam sendo corrigidas por robôs. E não gostaram nada dessa ideia. Os professores também não aceitaram bem a inovação.
A mesma tecnologia, no entanto, se bem comunicada, pode ser utilizada de forma muito vantajosa, segundo especialistas. A Moodle por exemplo, faz uso do padrão LTI para garantir que os alunos possam navegar perfeitamente de uma ferramenta de aprendizagem para outra sem ter que fazer login em cada uma delas.
Clique aqui para conhecer a LTI e aprender como ela pode ajudar o ecossistema de aprendizagem.
Conheça os usos da inteligência artificial
Segundo a pesquisadora da UCLA School of Law, Elana Zeide, no artigo Artificial Intelligence in Higher Education: Applications, Promise and Perils, and Ethical Questions, a inteligência artificial pode ser utilizada em três áreas: (1) institucional, (2) suporte ao aluno e (3) instrucional. Sendo assim, abaixo explicamos como cada um desses usos pode funcionar na prática:
- Uso institucional: estimar o tamanho das turmas, planejar currículos e alocar recursos como ajuda financeira e instalações;
- Uso no suporte ao aluno: oferecer orientações, programar automaticamente a carga horária, recomendar cursos, especializações e planos de carreira com base no desempenho dos alunos com perfis de dados semelhantes no passado;
- Uso instrucional: o software educacional avalia o progresso dos alunos. Com isso, recomenda ou fornece automaticamente partes específicas de um curso para os alunos revisarem ou recursos adicionais para consulta. Segundo Elana Zeide, essas plataformas são também chamadas de “aprendizagem personalizada”.
Perigos do uso de inteligência artificial no ensino superior
O uso de inteligência artificial no ensino superior também envolve alguns perigos. Isso acontece porque a tecnologia não faz mágica. Em vez disso, reflete a humanidade e seus problemas. O principal deles acontece sempre que os dados geram resultados adversos. Calma, vamos explicar o que isso significa.
Um dado antigo e desatualizado sendo utilizado para prever o comportamento atual pode gerar resultados errados. Banco de dados com erros de digitação podem gerar análises incompletas. Coletar apenas dados de alunos que utilizam a internet pode excluir aqueles mais velhos que não têm o mesmo hábito.
Estudos recentes mostram também que a inteligência artificial pode até mesmo refletir os preconceitos de classe, raça e gênero.
Pesquisadores que examinaram o uso do reconhecimento facial por empresas como Google, IBM, Microsoft e Face ++, por exemplo, perceberam que as ferramentas são mais eficazes no reconhecimento facial de homens de pele clara.
Impactos da tecnologia nas tarefas de ensino
Alunos e professores podem ficar tranquilos. A tecnologia não vai roubar seus empregos tão cedo, segundo o Diretor de Pesquisa da EDUCAUSE Review, D. Christopher Brooks.
No artigo Artificial Intelligence Use in Higher Education, Brooks informou que a maioria dos entrevistados para a pesquisa sobre utilização de inteligência artificial (IA) no ensino superior relatou que a tecnologia não está em uso.
Eles relataram ainda que não há planos de usá-la futuramente para tarefas instrucionais importantes, como fornecer feedback sobre tarefas, tutoria, realização de avaliações e atribuição de notas.
Quando adotadas, a tecnologia se mostrou uma ferramenta importante para detecção de plágio (60%) e monitoramento (42%). O estudo também constatou que os estudantes sabem pouco sobre a forma como as instituições estão usando a ferramenta por falta de conhecimento ou compreensão vaga sobre a tecnologia.
Entenda a importância da comunicação sobre inteligência artificial
A inteligência artificial tende a ser problemática quando é adotada sem a observância da transparência, o que pode gerar ruídos de comunicação. Afinal, ninguém gosta de saber que está sendo passado para trás. Principalmente em se tratando do público interno.
Com isso, queremos dizer que em se tratando de gestão da imagem das universidades, os princípios da comunicação institucional continuam os mesmos.
Ou seja, transparência, clareza, precisão, objetividade e agilidade na comunicação são os fundamentais quando se trata da adoção de novas tecnologias no ensino superior.
E, obviamente, não seria diferente em se tratando de inteligência artificial, né? Ainda mais em tempos de crise.
Para entender melhor esse assunto, recomendamos a leitura do artigo, “Comunicação e liderança em tempos de crise”, de Emerson Couto, que analisou a comunicação organizacional na pandemia.
No texto, o autor destaca, entre outros, que as lideranças precisam estar comprometidas com o interesse coletivo. O que vale também para as universidades, não é mesmo?
Segundo Couto, a comunicação com credibilidade “pode se espalhar mais rapidamente do que o novo vírus e mobilizar multidões a barrar essa crise global”.
Saiba como a inteligência artificial pode ser uma aliada
Aliás, longe de vilã, a tecnologia pode ser uma grande parceira de faculdades e estudantes de universidades públicas e privadas no Brasil. Quer saber como?
Em primeiro lugar, alunos, professores e diretores precisam conhecer os principais mecanismos legais que regulamentam o uso de dados e o acesso à informação.
Estamos falando da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e da Lei de Acesso à Informação (LAI).
As duas leis pertencem ao ordenamento jurídico brasileiro. A LGPD garante a transparência no uso de dados das pessoas físicas, enquanto a LAI confere a qualquer pessoa física ou jurídica o direito de acessar informações de órgãos ou entidades públicas em nível federal, estadual ou municipal.
Por isso, listamos a seguir algumas das vantagens da IA no Ensino Superior. Estamos falando, é claro, do acesso a dados e informações de forma transparente para um benefício coletivo.
- Detecção de plágio
- Realizações de pesquisas
- Serviços de biblioteca
- Monitoramento do bem-estar
- Melhorar a performance das plataformas EAD
- Ajudar a conhecer melhor os interesses dos alunos
- Identificar alunos com risco de reprovação para oferecer suporte acadêmico
- Ajudar professores na elaboração de testes e provas
- Disponibilizar chatbots (atendimento online automatizado) para realização de matrículas, assuntos estudantis e serviços de carreira
- Realizar provas online com monitoramento de acesso
- Apoio para a realização de auditoria nas instituições
- Sistema de recomendação de textos acadêmicos
Conheça um caso prático de aplicação da IA
O Prova Fácil é uma plataforma da Starline Tecnologia que permite que os professores elaborem, apliquem e corrijam provas online. O software facilita (mas não exclui) o trabalho dos profissionais, que gastam menos tempo realizando os processos online.
Funciona assim: um repositório de questões é oferecido aos professores, permitindo a criação de provas com base nas questões já existentes. Depois, as provas são aprovadas pelos coordenadores de curso.
Outra vantagem da plataforma é permitir a realização de provas online. Isso é feito com a ajuda da inteligência artificial em duas importantes tarefas. A primeira delas acontece quando o software trava o navegador do aluno para que não faça pesquisas durante a realização do exame. A segunda é feita por meio do reconhecimento facial.
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