Vestibular vem do latim vestibulum, que significa entrada. A prova que seleciona os alunos para entrar nas instituições de ensino brasileiras tem mais de 100 anos. Ela surgiu justamente com esse objetivo, o de selecionar quem vai entrar na faculdade. Antes disso, só alunos de colégios tradicionais entravam.
Mas antes disso, ainda havia algum exame de seleção. O primeiro curso superior do Brasil, a Escola de Cirurgia da Bahia, foi fundado em 1808. Aceitava alunos de 16 anos para cima e que tivessem sido aprovados em exames preparatórios. Outras instituições, como as faculdades de Direito de Olinda e de São Paulo, que surgiram em 1827, usavam um sistema de seleção parecido.
Com o tempo, os exames caíram por terra e só entravam nas universidades quem cursava os chamados colégios tradicionais. Um deles era o Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Ou seja, quem fizesse o ensino médio nesses locais já poderia entrar direto na faculdade. Não existia outra forma de ingresso. Mas até então havia mais vagas na universidade do que alunos. Imagine como ficou a procura por vagas nestas escolas, para poder ter acesso ao ensino superior – cresceu de maneira exponencial. Aí a situação se inverteu: mais alunos do que vagas. O que fazer?
O que você verá neste artigo:
O vestibular que veio da França
Havia exemplos em outros países de seleção de alunos para o ensino superior. O que serviu de modelo foi o Baccalauréat, que veio da França e foi criado por Napoleão Bonaparte em 1808. Os alunos que terminavam o liceu (ensino médio) poderiam fazer a prova, mas não era para todos. Somente os filhos homens da nobreza e burguesia da época poderiam participar.
Lembra do aumento na procura pelos colégios tradicionais, que davam acesso à faculdade aqui no Brasil? Pois então, foi em 1911 que o ministro da Justiça e Negócios, Rivadávia da Cunha Corrêa, instituiu o vestibular, que teve inspiração no Baccalauréat francês.
Havia provas escritas e orais. As matérias que caíam eram as de português, língua estrangeira, ciências (aqui eram a matemática, física e química) e o que era ensinado no primeiro ano de faculdade. Foi aí que surgiram as aulas preparatórias para o vestibular. Lembra algo semelhante aos cursinhos preparatórios? Pois sim, eles vieram deste modelo.
Como eram marcados os dias de prova?
As instituições de ensino superior tinham autonomia para marcar os dias das suas provas, mais ou menos como é hoje. Mas nos anos 1960, as provas das universidades federais eram marcadas todos no mesmo dia. Assim não era possível que os alunos pudessem fazer mais de uma prova para entrar nessas instituições.
Foi por volta desta época que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabeleceu que todos os alunos que terminassem o ensino médio poderiam prestar o exame vestibular. Com isso, a concorrência para entrar nas universidades aumentou significativamente. Foi quando o número de instituições privadas de ensino superior cresceu muito, para dar conta da demanda.
E a concorrência para entrar nas instituições era tanta que as provas aconteciam até nas arquibancadas de estádios de futebol. Para resolver o problema do excesso de candidatos e das provas no mesmo dia, em 1970, a Comissão Nacional do Vestibular Unificado foi criada, e se estabeleceram duas coisas. A primeira foi o sistema de classificação dos candidatos, no qual entravam somente os que tinham melhor pontuação. A segunda foi o dia das provas, que – enfim! – passou a ser marcado em datas diferentes.
Modelos de prova
Um pouco antes disso, professores de São Paulo criaram instituições que aplicavam as provas de vestibular das universidades. Uma delas é a Fundação Carlos Chagas, que passou a ter provas de múltipla escola. O modelo foi muito bem aceito, especialmente pela praticidade de correção das avaliações, e passou a ser adotado por outras entidades.
Esse modelo foi tão bem aceito que é utilizado também em concursos públicos. Outras instituições no estilo da Fundação Carlos Chagas foram criadas, e seguindo o mesmo esquema de avaliação.
Foi em 1976 também que nasceu a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), que fazia as provas da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mas essa união não durou muito. Em 1983 a Unesp se separou, e em 1985 foi a vez da Unicamp. Mas o modelo Fuvest perdurou, e é hoje a prova que seleciona alunos da USP.
Provas diferentes para cursos diferentes
Embora o vestibular tenha a mesma estrutura, com questões de múltipla escolha com as matérias do ensino médio, há processos seletivos distintos para cursos específicos. Para fazer o curso de Artes Cênicas, além do vestibular, tem provas orais e uma escrita feita somente com o conteúdo de artes cênicas.
Artes Visuais conta com uma prova escrita com conteúdo voltado para a área e uma prática, na qual o candidato elabora um desenho. Já para o curso de Música, o aluno deve tocar um instrumento, e terá suas habilidades avaliadas.
O Enem e o vestibular
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) surgiu em 1998 com a proposta de avaliar o conhecimento dos alunos que terminam o ensino médio. Mas a prova foi muito bem sucedida, e a nota dos alunos passou a ser usada para entrar em universidades, ou ajudar no resultado de vestibulares de outras instituições.
Mas isso não significa que o vestibular está com os dias contados. O Enem hoje é utilizado como exame de admissão em muitas instituições de ensino, junto com o vestibular. A vantagem do Enem é que sua nota vale para entrar em universidades de praticamente todo o Brasil. Por outro lado, como ele é marcado com muita antecedência, quem perdeu a data de inscrição não poderá prestar a prova.
É aí que entra o vestibular, que é elaborado por cada instituição de ensino e tem várias datas para ser feito. Assim, o aluno pode marcar para fazer a prova poucos dias antes da sua realização. Essa é uma chance para os candidatos que decidem fazer um curso superior e não tiveram a oportunidade de se inscrever no Enem. Mas o estudo e esforço são os mesmos, e é a porta de entrada para uma nova fase da vida!
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