Desde quando você era criança, há na televisão programas educativos com um segmento de “faça você mesmo”. Eram experimentos científicos, receitas e artesanatos variados, sempre com alguma lição. E, essa lição você aprendia sem perceber. Isso é o princípio básico da aprendizagem maker.
Mas será que é possível aplicar esse conceito no ensino de jovens e adultos também? Continue lendo para descobrir.
O que você verá neste artigo:
O que significa aprendizagem maker?
Começando pela tradução da palavra, “maker” em inglês quer dizer “criador ou criadora”. Sendo assim, a aprendizagem maker é um movimento que incentiva a prática manual, através da criação, investigação e resolução de problemas. Esta metodologia existe desde a década de 1960.
Neste movimento, além de criar, as pessoas são incentivadas a modificar e/ou consertar coisas. O objetivo é desenvolver projetos com as próprias mãos, de modo a entender como as coisas funcionam na prática. Assim, são apresentados problemas às pessoas, desafiadas a buscar soluções criativas.
Na prática, as pessoas são estimuladas a utilizar recursos, tecnológicos ou não, para desenvolver projetos, através da experimentação e da tentativa e erro. Através da exploração dos recursos, as pessoas constroem o próprio conhecimento, desenvolvendo o seu aprendizado.
Quais são as vantagens da aprendizagem maker?
Nas instituições de ensino, quando se propõem atividades dinâmicas seguindo a aprendizagem maker, os alunos são instigados a desenvolver o processo criativo para resolver problemas. Afinal, resolver problemas faz parte do dia a dia de basicamente qualquer profissional.
Sendo assim, quando os alunos são desafiados a resolver problemas, adquirem uma metodologia para realizar isso criativamente. Para isso, os estímulos nas aulas devem ser focados na compreensão de conceitos, no questionamento e na investigação.
Isso não quer dizer que as aulas teóricas devam ser enterradas. Os conceitos, teorias e princípios devem ser estudados e utilizados como base para as dinâmicas futuras. Até porque, quando o aluno coloca em prática os conceitos teóricos, retém o aprendizado com maior eficiência.
Ou seja, ao adotar a aprendizagem maker como metodologia de ensino, as instituições de ensino tornam o aprendizado mais eficiente. Do ponto de vista do aluno, o ensino é mais significativo, o que o deixa mais motivado a buscar conhecimento. As instituições educacionais são um espaço de construção do conhecimento.
Sendo assim, podemos dizer que as principais vantagens da aprendizagem maker são:
Atividades colaborativas
Ao propor aos alunos um problema para eles desenvolverem uma solução em equipe, o professor estimula o desenvolvimento do trabalho em equipe. Saber trabalhar em equipe é uma das competências mais valorizadas no mercado de trabalho.
Assim, com o desenvolvimento de projetos colaborativos, em grupo, os alunos têm a oportunidade de discutir entre si as possibilidades de solução. Além do trabalho em equipe, eles também desenvolvem liderança, comunicação, resiliência, entre outras habilidades. Tudo isso trabalhando em projetos dinâmicos e criativos.
Pensamento crítico e criatividade
Quando os alunos são desafiados a resolver problemas, utilizam a própria visão de mundo para isso, e não a do professor. É a isto que chamamos pensamento crítico, mais uma habilidade valorizada pelo mercado de trabalho.
Além do pensamento crítico para desenvolver soluções, a liberdade e autonomia dada aos alunos permite também o exercício da criatividade. Ainda que com a supervisão do professor, na aprendizagem maker o aluno tem total liberdade para propor soluções, ainda que se mostrem ineficientes no final. A aprendizagem por tentativa e erro é uma das características da aprendizagem maker.
Fixação do conteúdo
Estudos conduzidos pelo educador Edgar Gale nos anos 1960 levaram à elaboração da Pirâmide de Aprendizagem. Por ela, Gale mostra o quanto os alunos retém do conteúdo em cada tipo de ensino.
Conforme o professor Edgar Gale, com aulas puramente explicativas, como palestras ou leituras, os alunos conseguem reter 30% do conteúdo. Esse tipo de ensino ele chamou de aprendizagem passiva.
Por outro lado, na aprendizagem ativa, em que o aluno tem maior participação com atividades práticas, discussões, criações e auto-avaliações, a retenção do conteúdo chega a 90%. Como você pode ver, a aprendizagem ativa guarda muitas semelhanças com a aprendizagem maker.
Quais os tipos de aprendizagem maker?
Para quem tem interesse em implementar a aprendizagem maker em sala de aula, existem três níveis metodológicos diferentes. Cada um deles com suas características próprias e suas vantagens. A seguir, veja quais são eles:
Expositivo
Neste tipo de aprendizagem maker, o professor faz demonstrações práticas do conteúdo, podendo criar protótipos ou demonstrar a aplicação de metodologias. A vantagem das aulas expositivas é que o professor tem controle e liberdade sobre o conteúdo. Para o aluno, não há participação ativa, apenas a observação. No entanto, as aulas expositivas são mais atrativas que a simples explicação do conteúdo.
Participativo
Aqui, o professor propõe um tema central para que os alunos participem sugerindo abordagens e projetos a serem desenvolvidos. A participação dos alunos, como o nome diz, é maior nessa modalidade, porém a tutoria do professor ainda é significativa. É ele quem decide quais projetos e ideias serão realmente levadas adiante, além de orientar o trabalho dos seus alunos. Também é papel do professor fazer os questionamentos, provocando o raciocínio dos alunos, e propor desafios.
Mão na massa
Nesse estágio, a interatividade dos alunos é muito maior. Os alunos aqui têm autonomia para decidir e desenvolver seus projetos, utilizando as tecnologias disponíveis e propondo soluções. O planejamento do projeto, sua execução e até mesmo a avaliação dos resultados e os questionamentos ao longo do caminho, tudo fica a cargo dos próprios alunos.
Apesar de citarmos várias vezes o termo “tecnologia” neste texto, não é necessário ter equipamentos de ponta para implementar a aprendizagem maker em uma instituição de ensino. O mais importante é que os alunos tenham contato com a experimentação e a colaboração mútua.
Adotar a aprendizagem maker pode trazer grandes benefícios e vantagens para os alunos e também para as instituições de ensino. Não importa o nível, do ensino infantil até a aprendizagem profissional nas faculdades, as habilidades desenvolvidas pelos alunos são de suma importância para o seu futuro.