Digamos que o livro ‘A Riqueza das Nações’ é para as Ciências Econômicas o que a Lei de Newton é para a Física. A obra do filósofo e economista britânico Adam Smith é considerada a fundadora da economia de mercado, por isso é um livro tão referenciado pelos estudiosos até hoje.
‘A Riqueza das Nações’ é o nome pelo qual o livro é conhecido, mas seu nome mesmo é mais longo. ‘Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações’ foi escrito em 1776, e é um conjunto de cinco volumes.
Smith estudou a economia como se ela fosse uma entidade com vida própria. Assim, ele foi extremamente observador para escrever sua obra e desenvolver o conceito de mão invisível. Para ele, o mercado se autorregula, não havendo necessidade de intervenção do estado na economia.
Veremos em detalhes o que é essa obra, sua importância e o legado que ela deixou nos dias de hoje.
O que você verá neste artigo:
O contexto histórico do Riqueza das Nações
A época na qual o livro foi escrito era farta de acontecimentos. A Europa e os Estados Unidos viviam um período de ebulição cultural, econômica, política e social. Era o surgimento das primeiras indústrias, da produção em massa e das rebeliões nas colônias europeias. A independência dos Estados Unidos ocorreu no mesmo ano da publicação do livro de Smith.
A situação também era efervescente nas Américas Central e do Sul, com movimentos separatistas dos países colonizadores. Junte-se a isso a Revolução Francesa, que aconteceu um pouco depois, em 1789, e o caldeirão estava fervendo.
Afinal, tanto colonos quanto trabalhadores queriam ter total controle sobre a produção e venda dos seus produtos, e já não viam mais saída para a presença constante do Estado (no caso, reinos e impérios) cobrando altos impostos. Nessa observação, Smith percebeu que tudo poderia caminhar bem se o mercado fizesse tudo sozinho, sem a intervenção de nenhuma outra entidade. Embora essa ideia seja ainda utilizada por algumas linhas de pensamento econômicas, há críticas à mesma.
Os assuntos do livro de Smith
Falamos que o ‘Riqueza das Nações’ tem cinco volumes. Smith dividiu os assuntos até para descrever com mais detalhes cada um deles. O primeiro fala da melhoria da divisão do trabalho, coisa que até então não existia. Antes, o trabalho era feito por artesãos, do começo até o fim. Ou seja, um tecelão produzia seu tear, a linha, o tecido e o acabamento. Com a divisão de tarefas, Smith percebeu que a produção aumentou consideravelmente, ao ter um trabalhador fazendo somente uma parte do processo.
Foi no primeiro volume que Smith detalhou outros processos que hoje são corriqueiros, como o pagamento de salários. Quanto mais trabalhadores há para uma determinada posição, menores são os rendimentos. Por outro lado, quanto mais empresas buscar um determinado trabalhador, mais os salários sobem.
O segundo fala mais propriamente do capital, que é o dinheiro que a empresa investe. Até então esse conceito era praticamente inexistente, visto que o artesão era responsável por tudo. É com o surgimento do capital que a empresa pode investir para ter rendimento. Para Smith, é esse investimento que faria a organização crescer, sem a intervenção estatal.
O progresso da economia no Riqueza das Nações
O terceiro volume fala de uma ordem na qual a produção deve seguir, de modo a fazer a economia prosperar. Primeiro vem a subsistência, que são os produtos necessários à vida humana. No caso, a produção do campo, os alimentos. Depois, a indústria, a manufatura. Por fim, o comércio exterior. Isso, para Smith, traria prosperidade para a economia. As cidades cresceriam sozinhas, sem que governos tivessem que interferir no curso dos acontecimentos.
Já o quarto livro fala do comércio em si. Mas faz críticas a formas anteriores de se fazer política, por meio do protecionismo, que é proteger a produção interna por meio da cobrança de impostos sobre o que vem de fora. Para Smith, isso deixaria os produtos mais caros, o que não contribuiria para o desenvolvimento da economia de uma região.
O quinto e último volume trata de como o estado pode ser financiado por meio dos impostos. Por mais que Smith fosse contra a intervenção estatal na economia, ele reconhecia que os tributos eram importantes para manter as estruturas governamentais funcionando. Ele elencou alguns tipos de impostos cujos conceitos são usados até hoje. Alguns exemplos são o imposto sobre a renda, que varia de acordo com o que as pessoas ganham, e sobre as propriedades.
A influência da obra de Smith hoje
Com esses conceitos, o autor britânico praticamente fundou a economia que conhecemos hoje. O termo ‘mão invisível´ é usado desde então para embasar uma série de teorias econômicas. A autorregulação do mercado, no qual os produtos sobem e descem de preço dependendo da oferta e demanda, é uma consequência direta desse conceito. Por conta disso, o livro foi fundamental para fortalecer o livre comércio entre cidades, países e pessoas. Foi daí que surgiu o liberalismo econômico.
Mas o modelo de Smith também gera críticas. Embora haja muitos pensadores que concordem com o livre mercado e defendam a privatização de estatais, há quem discorde. Para outros, o estado deve ter um poder de intervenção para prestar socorro em situações de calamidade.
Alguns exemplos disso aconteceram na crise econômica de 2008, quando houve um aumento artificial de bens imóveis, que não acompanharam o aumento dos salários. Muitos bancos que tinham investimentos nestes imóveis viram seus valores despencarem rapidamente. Isso reverberou em todo o mundo, obrigando governos a prestar socorro financeiro aos bancos, para que eles não quebrassem. Empresas também contaram com ajuda estatal para se manter funcionando.
Outro exemplo muito recente foi em 2020, com o surgimento da pandemia do coronavírus. Com o fechamento de estabelecimentos, suspensão do turismo e eventos, estes setores se viram obrigados ou a fechar as portas ou a ter alguma ajuda estatal. O dinheiro distribuído para famílias carentes também entrou na lista.
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