Apesar do câncer ser uma doença bem conhecida, pode ficar a dúvida: o que faz o fisioterapeuta em oncologia? Primeiramente, para responder essa questão é preciso entender um pouco mais sobre a doença.
Considerada como a enfermidade mais problemática em todo o mundo, de acordo com especialistas, o câncer era encarado como incurável e até como um problema social e de saúde pública. Finalmente, no século XX, o câncer passou a ser visto como uma doença que merecia atenção de médicos e da sociedade, na busca por conhecimentos científicos que a desmistificassem.
Consequentemente, cada vez mais o atendimento de pacientes com essa enfermidade tem se tornado multidisciplinar. Acima de tudo, o objetivo dos profissionais da área de saúde, diante dessa doença, é oferecer recuperação, uma melhor qualidade de vida e amenizar os sintomas causados pela própria doença e pelos tratamentos. O Instituto Nacional do Câncer – Inca, organização ligada ao Ministério da Saúde, estima que no triênio 2020-2022 ocorrerão 625 mil novos casos de câncer no Brasil.
Nesse contexto, os fisioterapeutas fazem parte das equipes de tratamento oncológico, para atuar de maneira ampla nos sintomas dos pacientes, em especial tendo como meta preservar e manter a integridade funcional de órgãos e sistemas. Além disso, os fisioterapeutas atuam para prevenir, tratar e diminuir sequelas causadas pelos tratamentos, como radioterapia e quimioterapia e para restabelecer a qualidade de vida dos pacientes.
A fisioterapia foi implementada, no Brasil, no contexto de tratamentos oncológicos, nos anos 1980, no departamento de Cirurgia Toráxica, do Instituto Nacional do Câncer – Inca, no Rio de Janeiro – que é uma referência em pesquisas e tratamentos para a doença, sendo comparado ao Hospital Albert Einstein, também referência na área.
O que você verá neste artigo:
Quando a fisioterapia é usada na oncologia?
Frequentemente os tratamentos realizados para combater os diferentes tipos de câncer utilizam processos de quimioterapia, radioterapia e, em algumas enfermidades específicas como: leucemias, aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita, faz-se necessário os transplantes de medula óssea – TMO. Esses tratamentos podem deixar algumas sequelas:
- Dor persistente nos ossos;
- Retrações e aderências de cicatrizes;
- Encurtamento muscular;
- Fadiga;
- Fraqueza nos movimentos;
- Alterações respiratórias e falta de controle motor.
Nesse sentido, a fisioterapia tem a função de proporcionar a melhora, ou até mesmo a cura, de tais problemas. Sendo assim, os profissionais de fisioterapia podem aplicar exercícios leves e outras técnicas manuais, alongamentos, eletroterapia e exercícios respiratórios que vão melhorar a condição dos pacientes.
Além disso, as abordagens fisioterapêuticas podem ser aplicadas em todos os tipos de câncer, desde que autorizados pelo médico oncologista que acompanha o paciente. Nesse sentido, os procedimentos podem ser realizadas em pacientes infantis, adolescentes, adultos e idosos. De forma geral, a aplicação dessas técnicas tem quatro objetivos:
- Preventivos: para evitar sequelas, que incapacitam o paciente, antes que elas ocorram;
- Restaurativos: em pacientes com déficits musculares, para maximizar o retorno motor;
- De apoio: para amenizar as incapacidades que ocorrerão, e proporcionar independência aos pacientes;
- Paliativos: nos estágios finais da doença com o objetivo de manter e aumentar o conforto.
O que faz o fisioterapeuta em oncologia?
Antes de mais nada, os procedimentos fisioterápicos vão depender do grau da incapacidade dos pacientes e da gravidade da doença. A mensuração de como o fisioterapeuta deve proceder para promover cura, qualidade de vida e conforto aos pacientes, vai depender de uma avaliação. Assim, a atuação do fisioterapeuta no contexto oncológico tem como objetivos específicos:
- Estimular a independência funcional;
- Melhorar a atividade motora;
- Prevenir úlceras em pacientes acamados;
- Atuar na prevenção de cicatrizes decorrentes dos processos cirúrgicos;
- Prevenir e tratar disfunções linfáticas;
- Manter a amplitude de movimento articular e prevenir contraturas;
- Promover o bem-estar físico e emocional;
- Promover a higiene pulmonar e prevenir infecções respiratórias;
- Manter a força muscular e prevenir atrofias;
- Manter o equilíbrio, a coordenação e a resistência.
Formação do fisioterapeuta em oncologia
Para especializar-se em Fisioterapia em Oncologia, os profissionais devem fazer uma pós-graduação na modalidade lato sensu, que em geral tem duração de um ano e meio, em uma instituição que seja reconhecida pelo Ministério da Educação – MEC.
A especialidade na área de oncologia foi reconhecida como um ramo da fisioterapia pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), em maio de 2009, e alterada em 2011. Acima de tudo, a especialização, além de capacitar os profissionais, é um diferencial na carreira dos fisioterapeutas, na busca por vagas no mercado de trabalho.
Nesse sentido, citamos algumas das disciplinas que serão abordadas nos cursos de especialização:
- Evidências em oncologia e cuidados centrados no pacientes;
- Gestão de carreira e de organizações em saúde;
- Cuidados paliativos em pacientes oncológicos
- Bioética;
- Reabilitação ambulatorial;
- Assistência fisioterapia em oncologia pediátrica;
- Tumores pediátricos: diagnóstico e tratamento;
- Fisioterapia na terapia intensiva pediátrica: assistência no pós-operatório imediato;
- Reabilitação precoce e ambulatorial em pacientes pediátricos oncológicos;
- Tumores na idade adulta: diagnóstico e tratamento;
- Tumores do SNC e hematológico;
- Tumores tóraco-abdominais;
- Tumores de cabeça e pescoço;
- Tumores uroginecologico;
- Cuidados hospitalares ao paciente adulto oncológico;
- Projetos para atendimento ao paciente oncológico;
- Assistência fisioterapia a paciente oncológicos em terapia intensiva adultos;
- Reabilitação precoce em ambiente hospitalar.
Salário do fisioterapeuta em oncologia
Antes de tudo, ressaltamos que a remuneração para qualquer área de fisioterapia, inclusive na especialidade oncológica, depende da forma e local de trabalho, porte da empresa, formação profissional e tempo de experiência do profissional. De forma geral, o salário médio é de R$ 2.440,00, para uma jornada de 30 horas semanais.
Por exemplo, se levarmos em conta os hospitais particulares as remunerações são variáveis. No Hospital Samaritano, uma rede que atua em Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo, e tem como uma das especialidades bastante procuradas a oncologia, o salário médio é de R$ 4.581,00, além do plano médico oferecido.
Em contrapartida, no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer – Hospital São Camilo, que tem três unidades em São Paulo, o salário médio é de R$ 2.921,00, mais plano de saúde, odontológico e outros benefícios.
Do mesmo modo, em hospitais públicos a remuneração também varia. Por exemplo, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – Icesp, os salários estão entre R$ R$3.521,00 e R$4.933,00.
Por outro lado, no Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, o salário base é de R$ 2.419,07, e pode chegar à R$ 10.190,40, com as gratificações por titulação como especialização, mestrado e doutorado. Para ser colaborador destes hospitais somente por meio de concurso público.
Agora você já sabe o que faz o fisioterapeuta em oncologia, e se você deseja atuar na área o importantes é se especializar e sempre estar atualizado sobre a área, pois as inovações nessa especialidade são constantes.