Que o Ensino a Distância (EaD) é tendência há muito tempo a gente já sabia. Conteúdos digitais como vídeos, áudios e aulas por plataformas digitais tornaram-se cada vez mais comuns em espaços educativos. Especialmente no contexto da pandemia da Covid-19.
Esse é um crescimento que já pode ser observado há mais de uma década, especialmente em instituições de educação privadas. É o que diz o Censo da Educação Superior realizado pelo Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Segundo o estudo, a matrícula nessa modalidade cresce desde 2009, ano em que a pesquisa começou a ser feita.
Além disso, a busca por vagas na educação presencial tem mostrado queda desde 2016. Em 2019, ano da última edição da pesquisa, as matrículas nessa modalidade correspondiam a 65% do total nas universidades privadas. Os cursos EaD, por sua vez, representam 35% do total.
E o movimento parece caminhar para se intensificar cada vez mais. A crise pandêmica obrigou professores e alunos a se adaptarem a esse novo modelo. Além disso, uma pesquisa da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), no ano de 2023, indica que, se esse aumento permanecer estável, as faculdades privadas brasileiras terão mais matrículas para educação a distância que para cursos presenciais.
O que você verá neste artigo:
Novo contexto, novas práticas: os conteúdos digitais
Em meio a todas essas transformações, não faz mais sentido para muitos professores (e estudantes) aquela educação tradicional, em que o conteúdo é transmitido ao aluno da forma convencional. Muitos profissionais têm buscado por outras alternativas. Isso porque as informações fornecidas em sala de aula já estão disponíveis para os alunos em diversas plataformas, sob a forma de conteúdos digitais.
O ensino de forma expositiva, portanto, parou de fazer sentido para muitos professores e estudantes. Muitas experiências têm surgido para criar uma educação propositiva aos alunos. Nas necessidades específicas do contexto vivido pelos alunos, diversas delas vão ao encontro da chamada metodologia ativa de aprendizagem. Nessa prática, os estudantes são desafiados a construir seu próprio conhecimentos. Para isso, trabalham com resolução de problemas ou por um método conhecido como sala de aula invertida. Em ambos os métodos, eles têm como tarefa uma pesquisa prévia, que servirá para prepará-los à atividade proposta em sala de aula.
Outra forma de construir conhecimento dessa forma é com a criação de conteúdos digitais. E isso com a possibilidade de compartilhá-los com colegas de outras turmas ou com a comunidade externa à escola. É por exemplo o intuito do método booktuber, em que alunos são desafiados a produzirem vídeo-resenhas de livros.
Alguns professores, por outro lado, começaram eles mesmos a produzir conteúdos digitais aos seus alunos. São vídeos de temas específicos que podem ser assistidos quantas vezes os estudantes quiserem. Desta forma, há ainda a possibilidade de um debate posterior sobre o que foi apresentado.
Conteúdos digitais: o que vale e o que não vale?
Em meio a esse contexto, no entanto, uma questão se levanta: como separar o joio do trigo? Ou seja, como saber quais conteúdos digitais são de qualidade e quais são fruto da desinformação no ambiente digital?
Para debater essa questão e instruir a comunidade educativa, algumas instituições têm promovido cursos e oficinas sobre educação midiática. Seria o “conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente informacional e midiático em todos os seus formatos – dos impressos aos digitais”. A definição é do projeto Educamídia, do Instituto Palavra Aberta. Em outros lugares, essas mesmas práticas podem ganhar nomes como literacia digital ou até alfabetização midiática.
A ideia é ensinar estudantes e professores as diferenças entre artigos de opinião, notícias com fontes confiáveis e fake news. É também ensinar a usar a internet para pesquisar informações de forma segura e responsável. Mas não apenas isso. É também problematizar algumas questões do ambiente digital, como a cultura do cancelamento, o cyberbullying e a cultura dos memes.
Comece a usar conteúdos digitais para estudar agora mesmo
Quem quer usar os conteúdos digitais como forma de se aproximar dos conhecimentos de uma determinada disciplina tem um caminho cheio de possibilidades.
Uma opção é seguir pelos conteúdos digitais produzidos pelos seus próprios professores, aquelas vídeo aulas que você pode rever e conversar sobre com os colegas. Isso porque são informações confiáveis e de uma pessoa que você conhece e que é especializada no assunto.
Também é possível pedir sugestões para docentes ou especialistas na área. O ideal é seguir produtores de conteúdo que tenham histórico na internet e que sejam especialistas em suas respectivas áreas. Cientistas, divulgadores científicos e professores são boas opções. Algumas universidades também disponibilizam conteúdos gratuitos para qualquer pessoa, desde aulas abertas até cursos, apostilas a podcasts.
A Universidade de São Paulo (USP) é uma das instituições que oferecem esse tipo de conteúdo digital a partir de sua plataforma, a e-Aulas USP. Com áreas de estudo divididas entre Humanas, Exatas e Biológicas (e também entre os níveis de Ensino Médio, Graduação, Pós-Graduação e Cultura e Extensão), o site conta com vídeos sobre os mais variados assuntos para quem quer aprender muito.
Outra sugestão é a Unesp Aberta, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. A plataforma avisa que não oferece cursos e, por isso, não disponibiliza certificados de participação. No entanto, é possível encontrar ali uma série de conteúdos educativos para turbinar os estudos. São 2.104 materiais divididos em 73 temas.
O Canal Futura também é uma boa pedida para quem quer estudar de forma online. O canal de TV tem um canal no YouTube com diversas playlists temáticas, que abordam conhecimentos de Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio, em disciplinas como Biologia, Matemática e Sociologia.
A vez dos conteúdos digitais na educação
A internet e o ambiente digital foram uma revolução em diversos aspectos da vida humana. Assim, não foi diferente na educação. Produtores de conteúdo independentes começaram a compartilhar conhecimentos específicos e a criar comunidades de pessoas interessadas em determinado assunto.
Após os blogs e os canais no YouTube, agora é a vez dos podcasts. Esse tipo de conteúdo pode ser acessado com mais facilidade, em qualquer lugar. Ele pode ser baixado e ouvido no ônibus, durante tarefas domésticas ou até na prática de um exercício físico.
Existem podcasts sobre tudo. Na educação, é possível encontrar conteúdos sobre ciência, inglês, história… Se ainda estiver em dúvida, confira este texto com dicas de podcasts para mergulhar nos estudos a qualquer hora, em qualquer lugar.