Que estudantes de jornalismo precisam gostar de ler (livros, de preferência) e escrever não é novidade, já que a profissão exige domínio da língua portuguesa e habilidade na hora de produzir textos, pautas e matérias. Normalmente, quem escolhe o curso já sabe que durante a graduação uma série de livros será indicada por professores para a produção de trabalhos. Essa é uma forma de apresentar obras importantes aos estudantes.
Uma vantagem da área é que a maioria dos livros produzidos por jornalistas é escrita em cima de fatos históricos, o que desperta interesse e apresenta uma parte importante de algum acontecimento. Por isso, nós separamos sete obras que todo estudante de jornalismo precisa ler antes de sair da faculdade.
O que você verá neste artigo:
A lista de livros para estudantes de jornalismo
1. A sangue frio – Truman Capote
A Sangue Frio é um dos mais conhecidos livros do chamado jornalismo literário e, portanto, indicado para estudantes. Publicada em 1966 pelo escritor e jornalista Truman Capote, a obra conta em detalhes do brutal assassinato da família Clutter. O crime aconteceu na cidade de Holcomb, no estado do Kansas, Estados Unidos. A história começa a ser contada dias antes das mortes, em 1959, e termina na execução dos assassinos, em 1965. A reportagem investigativa é classificada como um romance de não-ficção, e traz detalhes minuciosos sobre a família e os criminosos. Foram cinco anos de entrevistas com moradores da cidade. Além disso, durante todo esse tempo, o autor visitou e conversou com os assassinos para conhecer a personalidade e entender o que motivou o crime.
2. Fama e Anonimato – Gay Talese
Assim como “A Sangue Frio”, Fama e Anonimato é um livro de jornalismo literário, ou seja, indicado para estudantes. O New Journalism ganhou espaço na década de 1960 e teve Gay Talese como um dos mais reconhecidos autores. A obra junta três séries de reportagens de Talese para o The New York Times. Os capítulos têm um plano de fundo em comum: a cidade de Nova Iorque.
Na primeira parte, ao contrário de grandes acontecimentos que estamos acostumados a ler nos livros, a obra narra o cotidiano. São cenas que todos veem, mas não olham de verdade. O segundo capítulo foi construído através da observação, por três anos, da construção da ponte Verrazano-Narrows. E a última parte traz o perfil de celebridades, entre elas, Frank Sinatra, mas de uma forma bem inusitada. O livro mostra um olhar atento de Gay Talese ao “comum” e uma escrita que envolve o leitor.
3. Hiroshima – John Hersey
O terceiro livro indicado para estudantes de jornalismo é Hiroshima. Ele narra os efeitos de um ataque com bomba atômica na vida de mais de 200 mil pessoas. Publicado como um artigo na The New Yorker, em 1946, o texto de John Hersey ocupou uma edição inteira da revista naquele ano. O impacto do ataque para a história é contado por meio da vida de seis sobreviventes do bombardeio de Hiroshima, no Japão, na Segunda Guerra Mundial. A bomba de urânio foi lançada pelos Estados Unidos e matou cerca de 140 mil pessoas.
4. Todos os homens do presidente – Carl Berstein e Bob Woodward
A reportagem investigativa que derrubou o presidente dos Estados Unidos virou referência para estudantes de jornalismo. É essa história que é contada no livro “Todos os Homens do Presidente”. O caso Watergate foi um escândalo político que causou a renúncia de Richard Nixon em 1974. A investigação dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein foi escrita para o The Washington Post e descobriu um grande caso de espionagem política.
Meses antes da reeleição de Nixon, cinco homens foram presos por invadir o quartel-general eleitoral do Partido Democrata, no edifício Watergate. O mandante tinha sido o presidente. Esse caso só foi descoberto depois de uma longa investigação jornalística e ficou marcado como o maior escândalo da política interna na história dos Estados Unidos.
5. Rota 66 – Caco Barcellos
Rota 66, A História da Polícia que Mata, é obra do jornalista Caco Barcellos. O quinto entre os livros indicados para estudantes de jornalismo é resultado de uma investigação que durou cinco anos. A obra tinha o objetivo de denunciar policiais que matavam homens suspeitos de envolvimento em crimes na cidade de São Paulo. E o resultado foi um perfil traçado: de quem mata e de quem é morto. A rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foi chamada de esquadrão da morte. Caco Barcellos fez o levantamento e analisou dados de 20 anos, entre 1970 e 1992. No livro, os números espantam: 65% das pessoas mortas pela Polícia Militar de São Paulo eram inocentes – nunca tinham cometido nenhum crime.
6. O Olho da Rua – Eliane Brum
O Olho da Rua é o retrato do Brasil no início dos anos 2000. Eliane Brum traz dez grandes reportagens de viagens que ela percorreu desde a Floresta Amazônica até as periferias de São Paulo. São histórias de pessoas comuns que passam por problemas como o desemprego, a disputa por terras indígenas, o envelhecimento e a falta de identidade daqueles que vivem isolados do mundo globalizado. A morte precoce de homens negros também foi abordada na obra. Além das histórias, Eliane Brum, uma das mais renomadas jornalistas brasileiras, conta no livro, fundamental para estudantes de jornalismo, os bastidores das reportagens e o processo de entrar em ambientes diferentes dos quais estava acostumada.
7. Chatô, o rei do Brasil – Fernando Morais
Fechando a lista de livros indicados para estudantes de jornalismo está Chatô, o rei do Brasil. A obra conta a história de Assis Chateaubriand, um dos maiores nomes da comunicação no Brasil. A vida dele se mistura com a história da imprensa no século de 1920 e o contexto político e social do país. Chatô foi o criador do grupo Diários Associados, o maior conglomerado de mídia da América Latina.
Além de jornalista e empresário, Chatô teve uma vida política e se tornou uma figura polêmica. A obra foi publicada em 1994, mais de 25 anos depois de sua morte. Apesar das contradições, o livro mostra o impacto que o jornalista causou na modernização da imprensa brasileira.
Veja nesse outro conteúdo como conseguir estágio na área de Jornalismo.