InícioDicasEstudosEstratégia booktuber: como usar na graduação?

Estratégia booktuber: como usar na graduação?

Resenhas de livros clássicos, dicas para a prova de literatura do vestibular, listas de livros para quem quer começar a ler… Tudo isso é facilmente encontrado no YouTube, site de vídeos que se popularizou há algum tempo na internet. Lá, tem gente que fala de tudo o que é assunto: moda, carros, tecnologia…

Por que não haveria, então, quem falasse de livros? Produtores de conteúdo para esse nichos existem e são chamados de booktubers (book = livro em inglês, e tuber = youtuber). Há uns bons anos que esses profissionais, alguns professores, outros jornalistas e outros apenas leitores aficionados, decidem compartilhar sua paixão por bons livros e boas histórias.

E já faz tempo também que alunos de todo o país têm usado esse tipo de conteúdo, disponível gratuitamente na internet, para estudar para as provas de literatura. Alguns vídeos são bastante aprofundados e um excelente complemento para as aulas convencionais.

Muitos desses conteúdos, inclusive, são criados ou sugeridos pelos próprios docentes. Isso se intensificou com a pandemia do Covid-19, em que diversos professores e estudantes se viram obrigados a adotar o ensino à distância e adaptar sua rotina às telas do computador. Foi aí que muitos viram a oportunidade de oferecer esse tipo de vídeo como forma mais leve de atrair os alunos.

O que é estratégia booktuber?

Os vídeos podem ser, sim, um bom complemento aos conteúdos ensinados em sala de aula. No entanto, há uma nova estratégia de ensino sendo implementada por alguns professores, denominada estratégia booktuber.

Essa estratégia vai muito além de assistir aos vídeos criados pelos booktubers. A ideia vem do conceito de sala de aula invertida, em que os alunos constroem o seu conhecimento de forma ativa. Os professores, nesse caso, não têm o papel de detentores do conhecimento, mas de mediadores que facilitam esse processo.

Na estratégia booktuber, os estudantes devem, portanto, agir intencionalmente, criando seu próprio conteúdo para a internet. Esse método, além de envolver a leitura e interpretação da obra, também exige outras habilidades do leitor.

Entre elas, a escrita de um roteiro, organização das ideias, planejamento dos passos de produção do vídeo, execução e habilidade de comunicação oral. Mais: um projeto que utilize esse método ainda pode ser feito em grupos, em que os estudantes devem conversar entre si e dividir tarefas.

Outras questões entram nesse processo, como a possibilidade do erro e do acerto, de gravar e regravar um mesmo conteúdo; e a criatividade. Já pensou de quantos jeitos diferentes um estudante pode interpretar e apresentar uma determinada leitura a outras pessoas?

Estratégia booktuber: infinitas possibilidades

Esse é um processo novo e há sempre a possibilidade de criar novas alternativas para projetos desse tipo. É possível, por exemplo, salvar esse conteúdo e exibi-lo a alunos de outras turmas, motivando a socialização entre elas e promovendo um diálogo entre os mais novos e os mais velhos sobre um mesmo assunto.

Outra alternativa é criar um acervo de conteúdo rico que acabe se tornando patrimônio da instituição de ensino e dos alunos, ou até uma plataforma educativa e colaborativa que democratize o acesso a determinado saber.

Tudo isso possibilita que os alunos desenvolvam diferentes habilidades. Além da comunicação oral, sociabilidade e organização em equipe, têm contato com valores como a democratização à educação e partilha de informações e de conhecimento.

A estratégia nos cursos de graduação

Ao contrário do que possa parecer, essa estratégia não se limita apenas às turmas mais novas. Alunos de Ensino Fundamental têm a literatura em seu currículo obrigatório. Enquanto isso, aqueles no Ensino Médio estudam clássicos para o vestibular. Mas o método booktuber vai além.

Estudantes de Letras, com disciplinas como Teoria Literária e Literatura Brasileira, também podem colaborar nesse tipo de projeto. Boa parte deles seguirá a carreira docente. Por isso, é fundamental que tenha domínio das habilidades mencionadas aqui, como organização, capacidade de trabalhar em equipe, boa comunicação oral e os valores de acesso à educação e ao conhecimento. 

Mas a estratégia booktuber não se limita a esses estudantes. Alunos de qualquer curso podem resenhar na internet livros de ficção ou teóricos sobre suas áreas de estudo. Um estudante de História, por exemplo, pode falar na internet sobre um romance histórico que se passa em determinada época de seu interesse, como na Guerra Fria ou na Revolução Industrial. Um estudante de economia, por outro lado, pode produzir conteúdos sobre os clássicos mais importantes para a área.

Para chegar mais longe

Esse tipo de ação permite que pessoas de diferentes lugares possam se apropriar desse conhecimento para suas vidas em particular. Entre eles, especialistas ou leigos naquela disciplina, pessoas que estejam ou não no universo acadêmico. No campo científico, esse tipo de conteúdo já é produzido de alguma forma por divulgadores científicos. Mesmo assim, pode despertar o interesse de crianças e adultos e até combater a desinformação. 

Quando se trata da resenha de um livro, no entanto, outras questões entram em jogo. Há a possibilidade de que o espectador busque a fonte original, vá atrás da obra e passe a estudar aquele assunto mais a fundo. Um conhecimento puxa o outro. Assim, uma sequência de vídeos curtos, como uma “série”, pode produzir um impacto na vida de uma pessoa. Pode provocar curiosidade, maravilhamento e interesse sobre uma leitura. E essa leitura pode puxar mais leituras, e assim criar um pesquisador em potencial.

Entreter ou educar?

Embora muitos booktubers tenham diplomas na área de literatura e Letras, ou até de Comunicação Social, isso não é regra nesse universo de conteúdos literários. Os próprios produtores de conteúdo desse nicho afirmam que o mais importante é “tirar a literatura do pedestal”, como explica Ana Carolina Barbosa, mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na PUC-Rio no ensaio Nós booktubers – o que, como e por que criamos vídeos sobre livros e literatura na internet.

Ela continua dizendo que o lugar do booktuber “é exercitar um primeiro contato com os textos e deixar que a bagagem do leitor construa as camadas de compreensão”. Por isso, vídeos de estudantes de graduação são muito bem-vindos. Com bom humor e dedicação, muitos projetos incríveis podem surgir dessa estratégia.

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