InícioDicasFormação acadêmicaComo contornar a síndrome do impostor na faculdade?

Como contornar a síndrome do impostor na faculdade?

De acordo com o dicionário digital Michaelis, uma das definições de impostor é:  que ou o que abusa da credulidade ou ignorância dos outros; mentiroso, falsário. Um impostor se passa pelo que não é, por quem não é, e tenta tirar proveito de sua dissimulação. Contudo, muitas pessoas de bem, esforçadas, competentes, se sentem tão deslocadas em um determinado ambiente quanto o mais habilidoso dos farsantes. Esses indivíduos não se sentem no direito de ocupar as posições que ocupam, não se acham dignas de quaisquer reconhecimentos e atribuem a sorte ou ao oportunismo a razão de seu sucesso. Elas são, sem dúvida, seus maiores algozes!

O que é síndrome do impostor?

A síndrome do impostor não é reconhecida como um transtorno psicológico pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, tem ganhado cada vez mais notoriedade nos estudos de saúde mental em todo o mundo. A síndrome provoca em seus portadores a sensação de não serem merecedores daquilo que conquistaram na carreira profissional ou na vida acadêmica. Eles se sentem um “corpo estranho” em um ambiente universitário ou empresarial, como se não tivessem condições para estar onde estão.

O maior medo dessas pessoas é que outros, no geral seus chefes ou  professores, percebam que eles são uma “fraude”. Pessoas assim diminuem suas capacidades e superestimam a dos outros.

O ambiente acadêmico é um prato cheio para tais manifestações. Em um curso superior é natural que os alunos tenham de demonstrar habilidades relacionadas à criatividade, pontualidade, inteligência, liderança. E, em certa medida, a competitividade é estimulada. 

As próprias expectativas, somadas a dos familiares, podem aumentar a presença da percepção de ‘impostor’ nos graduandos.

Características de um impostor

Um recente artigo acadêmico publicado por Alison Martins Meurer e Flaviano Costa, no ano de 2020, durante o XIV Congresso  da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – ANPCONT, revelou que alguns especialistas identificaram características comuns em pessoas acometidas pela síndrome do impostor. Entre elas destacamos:

– Introversão;

– Ansiedade generalizada;

– Dificuldade em aceitar elogios;

– Superestimação das habilidades dos outros e subestimação das suas;

– Culpa pelo sucesso;

– Medo da avaliação;

– Medo de falhar;

– Baixa autoconfiança;

– Baixa autoestima.

Como a síndrome pode aparecer no ambiente acadêmico?

Relacionar a síndrome do impostor com o ambiente acadêmico não é nada difícil. Algumas circunstâncias evidenciam a presença de pessoas acometidas por este fenômeno.

Muitos já podem sentir os efeitos desta síndrome antes mesmo de ingressar num curso superior. Eles não processam naturalmente o fato de terem conseguido uma boa nota no Enem e terem conquistado uma vaga. Percebem-se como não merecedores daquela condição, já que sempre supõem que não tem méritos para estar onde estão. Sentem-se desconfortáveis no ambiente acadêmico como se estivessem ocupando um espaço que por direito seria de outro.

É natural que em uma instituição de ensino os estudantes interessem-se por participar de eventos acadêmicos. Seminários, mesas redondas, minicursos e outros tipos de encontros entre profissionais de referência e alunos. O ‘impostor’ desacredita de seu próprio potencial, e não se enxerga como parte daquele contexto. Ficam inseguros e sentem que até aquilo que dizem pode trazer à tona a sua verdadeira identidade, que não condiz com a sua própria percepção.

O impostor não reconhece o quanto ele é produtivo. Não se percebe inteligente. Ele supõe que o outro, um outro estudante, um outro profissional, é sempre melhor que ele. Acreditam que outras pessoas têm mais facilidade para escrever artigos, que têm mais publicações produzidas, mais condições de assumir uma vaga de estágio, de emprego, e então subestimam suas próprias realizações.

Como escapar da síndrome do impostor na faculdade?

Algumas pessoas com a síndrome do impostor costumam praticar a auto sabotagem. Por medo da falha, deixam escapar prazos, não se inscrevem em atividades extracurriculares, justamente para evitar aquilo que consideram inevitável; o fracasso. Sujeitos assim não processam muito bem os elogios que recebem. Acreditam que outros só o fazem porque desconhecem sua real capacidade.

Em uma prova, por exemplo, sempre supõem que outro aluno terá a melhor nota, e podem até se surpreender com o próprio desempenho, atribuindo seu sucesso ao acaso. Se consideram um cavalo azarão, aquele em que ninguém aposta durante uma corrida. No entanto, surpreende-se com a vitória na corrida.

Portanto, se você se reconhece nessa condição, vamos te dar algumas dicas que poderão ser úteis na sua jornada acadêmica. 

Valorize suas conquistas!

Avalie tudo o que você já conseguiu até hoje. Reflita se um azarão realmente teria tanta sorte ou se de fato se trata de mérito. Aceite cada uma das suas capacidades, liste-as se for preciso. E, quando possível, peça feedbacks positivos a seus pares.Você poderá se surpreender com o potencial que enxergam em você.

Entenda que os outros passam pelas mesmas dificuldades

Não caia na armadilha de fazer comparações. Pessoas são diferentes. Cada uma tem suas habilidades e seus pontos de melhoria. Não pense que tudo é mais fácil para os outros. Que seu colega de turma é mais inteligente, escreve melhor, tem mais chances de ser bem sucedido, etc. Faça o seu bem feito e pronto! Você perceberá que outros alunos certamente têm suas inseguranças, mesmo que demonstrem muita confiança.

Pratique a autoconfiança

Se você já sabe que sua insegurança vai lhe fazer gaguejar diante de outras pessoas, tenha as respostas na ponta da língua! Treine se for preciso. Quando questionado a respeito de sua carreira, sua vida familiar, sua faculdade, responda de forma confiante. Você é o primeiro que precisa acreditar no que diz!

 Aceite os elogios

Se você inventa desculpas para justificar um elogio que recebe, comece pela mais elementar das reações: basta dizer “obrigada!”

Não fique dizendo: “nossa, acho que foi pura sorte”, ou então “só fui bem porque estudei exatamente esse conteúdo”. Um singelo “valeu”, ou “obrigado”, é mais que suficiente!

Contudo, se nem todas essas dicas conseguirem te trazer mais conforto, procure um especialista em psicologia. Vale a pena cuidar de você! Mas, a nível de curiosidade, saiba que tem muita gente com características opostas à síndrome do impostor, o efeito de Dunning-Kruger

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