Desde a eclosão da pandemia da COVID-19, o ensino remoto se tornou uma realidade para grande parte dos estudantes. Apesar disso, ainda há aqueles que encontram dificuldades em encarar a dureza do ensino sem sair de casa. Por isso, separamos algumas dicas sobre como estudar à distância para o vestibular. Para começar, podemos fazer um questionamento urgente: você já parou para pensar na condição precária do ensino remoto tal como estamos presenciando atualmente?
Em um importante artigo publicado na revista Educause Review, os pesquisadores Charles Hodges , Stephanie Moore , Barb Lockee , Torrey Trust e Aaron Bond analisaram o tema. Segundo eles, experiências de aprendizado online bem planejadas são significativamente diferentes dos cursos ofertados atualmente de forma remota em resposta à pandemia.
Em outras palavras, o que existe é um ensino online de emergência em oposição ao aprendizado online. “O que sabemos da pesquisa é que o aprendizado on-line eficaz resulta de um planejamento e design instrucional cuidadoso, usando um modelo sistemático para design e desenvolvimento”, escreveram.
O que você verá neste artigo:
Realidade do ensino
Para piorar a situação dos estudantes brasileiros, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de seis milhões de alunos no país não têm acesso à internet. Desse total, aproximadamente 5,8 milhões são estudantes de instituições públicas. Mas como podemos burlar essa realidade e estudar de forma adequada para o vestibular?
Utilização do cronograma de ensino
Na hora de estudar para o vestibular, seja presencial ou online, um cronograma de estudos é fundamental. Em primeiro lugar, no caso do estudo remoto, seguir um planejamento prévio de estudos é uma das dicas mais importantes. Isso porque o isolamento e o estudo online tendem a oferecer um contexto maior de distrações.
E não é difícil criar seu próprio calendário. Basta selecionar os conteúdos a serem estudados e distribuir ao longo da semana. Listamos alguns aplicativos que ajudam a organizar os estudos
- Easy Study – permite criar um planejamento diário
- Evernote – ajuda a organizar os estudos e tarefas
- Exam Time – oferece plano de estudos
- Partiu Revisar – ajuda a agendar revisões de conteúdos
Situação preocupante no ensino
Como me diferenciar dos demais concorrentes ao vestibular? Essa é uma pergunta recorrente dos estudantes que desejam se destacar. No entanto, a situação não está fácil para ninguém. Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) em 2020 com 68.144 jovens de todo o país obteve dados preocupantes. No total, de acordo com o levantamento, 56% dos jovens de 15 a 29 anos havia interrompido seus estudos.
Conheça as perguntas realizadas pela pesquisa:
- Saúde: Quais têm sido os impactos na saúde física e mental de jovens e quais são suas expectativas para o futuro?
- Trabalho e renda: Qual tem sido a condição de trabalho e renda das juventudes no atual cenário e que alternativas têm sido possíveis e são desejáveis para estruturação da vida profissional?
- Educação: Quais os efeitos e perspectivas para a continuidade dos estudos e chances de aprendizado?
- Vida pública: Como as juventudes têm sentido e projetado a dimensão política em suas vidas?
Quer saber mais? Veja o relatório completo “Juventudes e Pandemia”.
Organizar grupos de estudo
Estudar coletivamente, ainda que através da internet, exerce um forte impacto sobre a nossa capacidade de aprender, principalmente se nos colocamos no papel de quem ensina. Em outras palavras, podemos dizer que ensinar é a melhor forma de aprender. E isso não é um palpite!
Da antiguidade aos dias de hoje, muitos pensadores perceberam a profunda relação existente entre o ato de ensinar e aprender. Willian Glasser, por exemplo, foi um psiquiatra americano que desenvolveu a chamada teoria da escolha e a aplicou na educação. No livro Teoria da Escolha, inclusive, ele se opôs claramente à chamada psicologia de controle externo. Em outras palavras, ele defendeu a ideia de que as pessoas devem assumir o controle de suas próprias vidas, independente dos traumas pelos quais já tenham passado.
Mas isso não significa que as pessoas devem aceitar uma realidade individualista e marcada por valores neoliberais. A proposta do autor, muito pelo contrário, é possibilitar que as pessoas se tornem mais críticas, participantes e conscientes. Então, ao visualizarmos a pirâmide de aprendizagem, é possível entender melhor a teoria de Glasser.
Veja abaixo como aprendemos:
- 95% das pessoas aprendem quando ensinam os outros (explicar, resumir, ilustrar, etc)
- 80% aprendem quando fazem coisas (escrever, demonstrar, praticar, etc)
- 70% aprendem quando discutem (debater, conversar, perguntar, etc)
- 50% aprendem quando vêem e ouvem (aulas, palestras, vídeos, etc)
- 30% aprendem quando observam (assistir a uma demonstração, conviver, etc)
- 20% quando ouvem (rádio, podcast, telefone, etc)
- 10% quando leem.
Experimentar a sábia consciência
Revistar os pensadores da antiguidade também pode nos ajudar a descobrir a melhor forma de aprender, mesmo em tempos de pandemia. Foi o que fez Mário Sérgio Cortella em 2002 ao publicar, na Folha de São Paulo, o artigo “Sábia consciência”.
No texto, o filósofo menciona um monge beneditino que viveu na Inglaterra há aproximadamente 1.300 anos: Beda, também conhecido como ‘O Venerável”. Segundo Cortella, Beda nos legou uma prescrição em forma de advertência, na qual diz que há três caminhos para a infelicidade (ou fracasso):
- não ensinar o que se sabe;
- não praticar o que se ensina;
- não perguntar o que se ignora.
Aliás, esses caminhos, além de levarem ao sucesso, também levam à sabedoria. Isso aconteceria porque nos remetem a valores e princípios nobres: generosidade, honestidade e humildade. Em outras palavras, podemos dizer que vivenciar tais virtudes no dia a dia de estudo é fundamental para quem deseja passar no vestibular. Por fim, segundo o autor, ao revolucionar nossa qualidade de vida e pouco a pouco a de muitas outras pessoas, podemos construir uma realidade melhor para nós mesmos.
Fazer as perguntas certas
Organizar simulados ou criar suas próprias perguntas é uma das fórmulas mais bem sucedidas de aprendizado. Cortella também destacou, em seu artigo, a importância de se fazer perguntas para o processo de aquisição do conhecimento. Na ocasião, ele citou Claude Lévi-Strauss, antropólogo considerado um dos grandes pensadores do século XX. Em “O Cru e o Cozido”, Lévi-Strauss escreveu que “o sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é o que formula as verdadeiras perguntas”.
Quer ter sucesso no vestibular? Então saiba mais sobre como fazer um simulado do Enem.