Antes de decidir totalmente pelo curso de Geografia, você deve estar pensando qual a sua duração. E também – apostamos – os temas que serão abordados durante a sua formação. Por isso, a Voomp preparou este material.
Em média, o curso de Geografia tem a duração de quatro anos. Nesse sentido, o estudante e o futuro geólogo poderá escolher em qual área atuar: bacharelado, licenciatura, tecnólogo e pós-graduação. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais definidas pelo Ministério da Educação (MEC), o curso de Geografia tem sua grade curricular organizada em torno de três eixos: Formação Específica, Formação Complementar e Formação Livre.
- O primeiro eixo é o de conteúdo específico, que se refere ao conhecimento geográfico geral.
- O segundo, o complementar está direcionado a conteúdos considerados necessários para a aquisição de conhecimento geográfico e que podem ser oriundos de outras áreas de conhecimento.
- Já o de formação livre é composto de conteúdos a serem escolhidos pelo próprio aluno.
Apesar de cada instituição organizar uma grade curricular, há um direcionamento do Ministério da Educação. Nesse aspecto, universidade e faculdades serão avaliadas e obrigatoriamente devem abordar nos seus cursos eixos obrigatórios. Em suma, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) avalia o curso de Geografia considerando vários aspectos comuns.
O que você verá neste artigo:
Veja o que consta numa grade curricular:
- Fundamentos epistemológicos do pensamento geográfico;
- Pressupostos teóricos que fundamentam as categorias: Espaço, Região, Paisagem, Território e Lugar;
- Processos de regionalização e o planejamento regional;
- Geografia da natureza: gênese e dinâmica;
- Recursos naturais e questões ambientais;
- Transformações no mundo do trabalho;
- Domínios morfoclimáticos do Brasil;
- Diversidade étnico-racial, de gênero e cultural na Geografia;
- Meio técnico-científico e informacional e dinâmica territorial;
- Sujeitos, processos e dinâmicas dos espaços agrários e rurais;
- Transformações nas relações campo-cidade;
- Interações espaciais, fluxos e formação de redes geográficas;
- Geografia histórica e formação territorial do Brasil;
- Dinâmica populacional no Brasil e no mundo;
- Urbanização no Brasil e no mundo;
- Estado, movimentos sociais e conflitos;
- Geopolítica, geografia política e redefinições territoriais;
- Alfabetização cartográfica;
- Cartografia básica, temática e sensoriamento remoto;
- Ensino de Geografia nos diferentes contextos socioculturais;
- Tecnologias e linguagens no ensino e na pesquisa em Geografia;
- Reestruturação produtiva, sistema financeiro e produção/transformação do espaço.
Formação de um geógrafo
Em suma, durante esses quatro anos, em média, o desenvolvimento do curso formará profissionais estudiosos sobre a superfície da Terra e os fenômenos ambientais. Nesse ínterim, também estudará sobre os movimentos da ocupação do homem no planeta, seus efeitos e características. Isso tudo para garantir que o futuro geólogo esteja apto a interpretar aspectos social, econômico e natural, que compõem a realidade do espaço geográfico. Depois disso, dependendo da escolha do estudante, estará qualificado a lecionar a Geografia como licenciado ou a atuar em pesquisa e na indústria como bacharel.
Como resultado, o geógrafo poderá atuar no mercado de trabalho como professor de ensino fundamental e médio. Ora trabalhar em indústrias ou empresas, ora em consultorias específicas ou ainda em órgão públicos. Do mesmo modo, para quem prosseguir com cursos de pós-graduação, há ainda a chance de ingressar como pesquisador ou professor no ensino superior.
Características do geólogo
Segundo o professor Renato Fontes Guimarães, do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), Geografia é um curso de visão geral. Por essa característica, rapidamente o geógrafo passa a ocupar cargos de gerência e coordenação de equipes. Para isso, conforme Guimarães, o estudante precisa:
- ter senso crítico,
- boas noções de organização espacial,
- gostar de lidar tanto com o meio ambiente quanto com o ser humano.
Dessa forma, os geógrafos podem atuar em áreas como
- cartografia digital,
- geoprocessamento,
- planejamento agrícola,
- sensoriamento remoto.
- planejamento urbano,
- geografia de transportes
- geopolítica.
Nesse sentido, o trabalho de um geógrafo pode ser desenvolvido tanto em empresas privadas quanto em Organizações Não-Governamentais (ONGs) ou órgãos públicos.
Mas, você imagina quando surgiu o ensino de Geografia no Brasil e o seu desenvolmento até os dias atuais? A Voomp pesquisou e encontrou essa linha do tempo sobre o seu desenvolvimento. As fontes são da os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), O Ensino de Geografia no Século XXI, de José Willian Vesentini e Roberto Lobato Corrêa e o site Nova Escola.
O curso de Geografia no Brasil
- 1837 – O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, foi a primeira escola brasileira a incluir a Geografia nas disciplinas obrigatórias. Nesse sentido, a intenção era criar uma elite nacional capaz de ocupar quadros políticos e administrativos.
- 1900 – A área ganhou espaço nas escolas de todo o país. Em suma, acreditava-se que, conhecendo as características físicas do local, o sentimento de nacionalismo e patriotismo seria despertado nos estudantes.
- 1905 – O livro Compêndio de Geografia Elementar, de Manuel Said Ali Ida (1861-1953), propôs o estudo do Brasil por regiões, abrindo espaço para melhor conhecer o território nacional.
- 1934- O departamento e o curso superior de Geografia foram criados na Universidade de São Paulo. A maioria dos professores, sobretudo, era da escola francesa e defendia a abordagem tradicional.
- 1966 – O livro Geografia do Subdesenvolvimento, de Yves Lacoste, foi lançado no Brasil. Com a publicação, as teorias da Geografia crítica começaram a ecoar em todo o país.
- 1971 – Durante o período militar, Geografia e História foram glutinadas na disciplina Estudos Sociais. Nesse aspecto, o governo acreditava que o conhecimento dessas áreas é uma ameaça à hegemonia nacional.
- 1978 – Milton Santos (1926-2001), considerado o maior geógrafo do Brasil, publicou o livro Por Uma Geografia Nova. Dessa forma, começou-se a debater a importância do estudo das questões sociais.
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Pós-ditadura
- 1990 – O Ministério da Educação determinou que, para dar aulas de Estudos Sociais, os professores precisavam ser formados na área, fechando-se assim as portas para os graduados em História.
- 1993 – A Secretaria de Educação do Município de São Paulo propôs o ensino por eixos temáticos. A proposta não foi efetivada, mas vira uma referência na elaboração dos PCNs anos depois.
- 1998 – Abolição de Estudos Sociais dos currículos escolares. História e Geografia voltaram a aparecer separadamente. Nesse sentido, os especialistas começaram a delinear as atuais especificidades de cada uma das disciplinas.